São Paulo, segunda-feira, 13 de julho de 1998
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Derrota eleitoral ameaça premiê japonês

MARCIO AITH
DE TÓQUIO

O primeiro-ministro japonês, Ryutaro Hashimoto, assumiu publicamente a responsabilidade pela derrota do seu partido nas eleições parlamentares de ontem e poderá anunciar hoje sua renúncia.
Segundo resultados finais do pleito que renovou metade dos membros da Câmara Alta do parlamento japonês- uma espécie de Senado Federal-, o PLD (Partido Liberal-Democrata), de Hashimoto, conquistou apenas 44 das 126 cadeiras em disputa.
A derrota do partido é muito maior do que todos os partidos e analistas políticos esperavam.
O resultado deverá trazer mais turbulência para o mercado financeiro asiático por transformar também em política a crise japonesa que, até a semana passada, era somente econômica.
"Assumo minha responsabilidade"', disse Hashimoto logo após o anúncio do resultado das eleições. "Como todo político, tomarei, dentro do meu coração, minha própria decisão sobre meu futuro político."
As maiores lideranças do PLD realizam hoje pela manhã uma reunião extraordinária para discutir o futuro do governo.
Prováveis sucessores
Caso a renúncia se confirme, os nomes mais cotados para substituir Hashimoto são os do ministro das Relações Exteriores, Keizo Obuchi, e do ex-chefe de gabinete de Hashimoto, Seiroku Kajiyama.
Os dois nomes cotados são do PLD, partido que, embora derrotado, ainda tem ampla maioria na outra e mais importante câmara do Parlamento, a Casa dos Representantes.
O recém-lançado Partido Democrata, maior legenda de oposição no país, aparece como o grande vencedor das eleições. Com 18 cadeiras em substituição, o partido obteve 27 vagas na votação.
Embora as eleições de ontem não sejam formalmente vitais sob o ponto de vista de Poder Legislativo, elas se transformaram numa espécie de referendo ao governo.
Hashimoto, desde janeiro de 1996 no cargo, é criticado por ter aumentado, no ano passado, o imposto sobre o consumo, numa decisão que, segundo analistas, derrubou a demanda interna do país colocando-o em recessão.
O primeiro-ministro japonês também foi responsabilizado pelo eleitorado por não ter reagido à crise econômica em tempo hábil.
"Doidas"
Naoto Kan, líder do Partido Democrata, criado há apenas três meses, disse que os eleitores deram um "cartão vermelho" para Hashimoto.
O comparecimento às urnas foi de 60%, aproximadamente 15 pontos percentuais superior ao registrado na eleição de 1995 para o Senado, então um recorde negativo de quorum.
"Para fazer as pessoas comparecerem às urnas você tem de deixá-las doidas. Foi o que aconteceu", disse um ex-funcionário norte-americano, em visita ao Japão. "Puxaram o tapete de Hashimoto", disse o alto funcionário dos Estados Unidos.
A desorganizada oposição japonesa não tem chance de obter o controle do Senado japonês.
No entanto, a derrota do governo pode fazer com que seja mais lenta a tramitação das leis pela Câmara Alta, onde o PLD depende do apoio de parlamentares independentes e de pequenos partidos para conseguir maioria.
A agência Kyodo afirmou que um novo primeiro-ministro tomaria posse numa sessão especial do Parlamento, já convocada para o final de julho.

Colaboraram as agências internacionais

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