Índice geral Acontece
Acontece
Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Nova geração lembra cem anos de Gonzaga

Romulo Fróes, Lulina, Tulipa Ruiz, Pélico e outros artistas releem obras do Rei do Baião no Auditório Ibirapuera

Tributo "Danado de Bom" reúne hoje e amanhã cerca de 50 músicos; encontros vão virar DVD e Blu-ray

Adriano Vizoni/Folhapress
Pélico, Lulina (centro) e Blubell estão entre os nomes da nova geração da MPB que participam do tributo ao sanfoneiro
Pélico, Lulina (centro) e Blubell estão entre os nomes da nova geração da MPB que participam do tributo ao sanfoneiro

ANNA VIRGINIA BALLOUSSIER
DE SÃO PAULO

O pernambucano Luiz Gonzaga (1912-1989) criou um problemão para consecutivas gerações da música brasileira.

"Ele tem um espírito tão livre, tão de ousadia. Reinventou o jeito de tocar sanfona", diz a conterrânea Lulina, 33.

O problema é, justamente, este: e a coragem na hora de reinterpretar o artista que transformou a música popular nordestina num canto de sereia tanto para a indústria cultural quanto para os críticos mais implicantes?

Lulina encara o desafio ao lado de colegas como Tulipa Ruiz, Nina Becker, Romulo Fróes e Pélico, hoje e amanhã, no Auditório Ibirapuera.

Ela tocará "Xote das Moças", um "lado B", nos shows que dão início à celebração do centenário de Gonzagão.

Serão 22 números no tributo "Danado de Bom" -que vira DVD, Blu-ray e especial do Canal Brasil, todos programados para o segundo semestre.

Um disco de estúdio também está nos planos da YB Music, gravadora responsável pela organização do evento.

Com o projeto Passo Torto, Fróes, 40, vai reler "Qui Nem Jiló". Para ele, a nova geração é mais livre, "sem pudores exagerados para mexer" no legado de Luiz Gonzaga.

"Não no intuito de tentar melhorar, pelo amor de Deus, ninguém seria capaz disso. Nem modernizar, porque não precisa", ressalva.

Mas, "sem apadrinhamentos e sem esquema de indústria", Fróes acredita que a cena independente não precisa "pedir licença nem perdão" para se debruçar sobre o repertório do pernambucano.

No tributo, o "gonzagômetro" vai oscilar entre "os arranjos mais simples, na voz e no violão com Tulipa Ruiz,e algumas visões mais eletrônicas ou roqueiras", antecipa o diretor da YB Music, Mauricio Tagliari, 50.

"O próprio Luiz possuía mais de uma faceta. Tinha o humor de 'Ovo de Codorna' e '17 e 700', mas tinha o lirismo de 'Sabiá' ou a pungência de 'A Morte do Vaqueiro'."

'POVÃO'

Para Fróes, "Gonzaga é exemplo dos mais brilhantes e felizes [contra] o discurso de que música popular é ruim". E os artistas hoje considerados "povão" (distantes da turma "cool" de Fróes)?

Sensação nas paradas de sucesso internacionais, Teló também é "meio discípulo" daquele que foi coroado Rei do Baião, opina Fróes.

A influência de Gonzaga parece mesmo se estirar que nem o corpo de sanfona, caindo nas graças de quem faz forró, tecnobrega, sertanejo, MPB e música instrumental.

Fróes lembra Chico Buarque ao cantarolar que "Luiz Gonzaga é tiro certo".

E, para reinventá-lo, o céu de São João é o limite.

DANADO DE BOM
QUANDO hoje, às 21h, e amanhã, às 19h
ONDE Auditório Ibirapuera (av. Pedro Álvares Cabral, portão 2, tel. 3629-1075)
QUANTO R$ 20
CLASSIFICAÇÃO livre

Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.