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Grupo Cemitério de Automóveis estreia hoje mostra de arte

Companhia de Mario Bortolotto traz peças, filmes, debates e shows de música para SP

MARCOS GRINSPUM FERRAZ
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

"Vamos desaparecer imergindo em cemitérios de automóveis e reaparecer anos depois, catando trapos e jornais, secando a cueca no calor do lixo queimado com o rabo remendado", escreveu nos anos 1950 o poeta beat Lawrence Ferlinghetti.

Inspirados por este trecho de "Obligatto do Bicho Louco", os jovens dramaturgos Mário Bortolotto e Lázaro Câmara decidiram, em 1987, renomear sua cia. de teatro, fundada cinco anos antes em Londrina: a Chiclete com Banana passava a se chamar Cemitério de Automóveis.

As referências -tanto aos beatniks quanto às tirinhas de Angeli- já davam pistas do tom ácido e crítico que marcaria o trabalho do grupo, que agora comemora 30 anos com o projeto Artes do Subterrâneo.

A mostra, que começa hoje e segue ao longo do ano, inclui três peças inéditas e sete de repertório, filmes, debates e shows de música. Participam nomes como o escritor Marcelo Rubens Paiva, o poeta Chacal e os quadrinistas da Folha Laerte e Angeli. Programação em cemiteriodeautomoveis.com.br.

"A gente é um grupo de teatro meio esquisito, porque as referências são todas extra-teatrais. A peça é só um item a mais dentro do nosso cardápio", diz Bortolotto, explicando a diversidade do projeto.

Sediado em São Paulo desde 1997 e comandado por Bortolotto, o Cemitério fez do mundo suburbano -e dos personagens marginalizados que por ali circulam- os principais temas de suas peças.

"São estas figuras deslocadas que me interessam de fato, que me fascinam. Eu acho que escrever sobre gente rica e feliz não dá uma dramaturgia boa, e não estou interessado nessas pessoas", diz o diretor.

De 1982 para cá o grupo montou cerca de 50 espetáculos, dentre eles a "Medusa de Rayban" (1997), que dá hoje a partida para as comemorações. A peça, sobre quatro assassinos de aluguel, rendeu a Bortolotto sua primeira indicação ao Prêmio Shell e foi a primeira a dar visibilidade ao grupo em São Paulo.

MEDUSA DE RAYBAN
QUANDO qua. a sab., às 21h, dom., às 20h
ONDE Estação Caneca (r. Frei Caneca, 384, tel. 3657-2606)
QUANTO pague quanto puder
CLASSIFICAÇÃO 16 anos

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