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Crítica documentário Apesar de esquivar os fracassos na área, filme é bom retrato de iniciativas sociais O filme registra experiências de pessoas comuns que se cansaram de apenas se indignar com a miséria e a injustiça social CÁSSIO STARLING CARLOSCRÍTICO DA FOLHA
Empreendedor social, como dizem os vários entrevistados de "Quem se Importa", nem parece uma profissão tradicional como as que a gente escreve quando faz Por esse e outros motivos, o documentário dirigido por Mara Mourão busca dar concretude a uma prática que tendemos a considerar delirante ou inviável. Do Brasil à Índia, do Paraguai à Califórnia, o filme registra experiências de veteranos e jovens, pessoas comuns que a certa altura se cansaram de apenas se indignar com a miséria e a injustiça social e viabilizaram projetos para transformar o mundo num lugar melhor. Por meio de boas anedotas e relatos de experiências bem-sucedidas, "Quem se Importa" tem um propósito explícito de difundir a ideia de que iniciativas civis organizadas e mudanças de atitude mental concretizadas em práticas produzem resultados muito mais efetivos do que políticas governamentais. Em sua construção exclusivamente afirmativa, o documentário falha ao induzir respostas irrealistas, fazendo-nos supor que basta estar bem-intencionado para alcançar transformações. Outra fragilidade do filme é não incluir experiências malsucedidas, projetos cuja condução ou foco não tenham alcançado o céu, para criar contrastes e oferecer exemplos e aprendizados a partir de imperfeições. Já o aspecto positivo da proposta de Mourão consiste em agregar múltiplos problemas e respectivas tentativas de soluções, compilar fatos e vivências de empreendedores e traduzir o conjunto numa linguagem audiovisual quadrada, mas de compreensão simples e imediata. Para o filme provocar o efeito necessário, é melhor não imaginar que seu público estará nas poucas salas de cinema que acolherão o filme, e sim em outras redes e em modos de distribuição capilar capazes de disparar novas e boas iniciativas.
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