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Crítica drama Com clichês, novo filme de Lou Ye decepciona Fora de sua zona de conforto, diretor chinês derrapa em estereótipos ao filmar casal com problema de comunicação
CRÍTICO DA FOLHA Cineastas fora do ninho nem sempre se dão bem filmando realidades distintas, em condições estranhas de produção e em outra língua. Mesmo quando têm qualidades, os "trabalhos no exílio" costumam ficar comprometidos por representações dominadas por estereótipos. "Amor e Dor", primeira incursão de Lou Ye longe de casa, sofre disso. Parece um filme francês carregado de tiques do cinema asiático contemporâneo, ou vice-versa. O título resume as agruras de Hua, estudante chinesa que se apaixona por Mathieu, um rapaz de origem árabe, enquanto faz um doutorado em Paris. Ela é delicada e estudada. Ele é bronco e bruto. Além desses excessos inconciliáveis, ambos carregam marcas de pessoas fora do lugar num mundo globalizado. Assim, agregam um fundo sociopolítico que não vai além do efeito de tintura realista. Fora essa condição, o par sofre como os que amam demais. Entregam-se de maneira tão absoluta que terminam se tornando reféns de um relacionamento no modelo de dominadores e dominados. Para expressar a sobrecarga de tensão, o cineasta opta pela câmera na mão colada aos atores, recurso tão "prêt-à-porter" do cinema contemporâneo que pouco ainda agrega além de tontura. No romance em que amar é igual a sofrer, o par só se comunica no modo sexual, o que Lou Ye desperdiça filmando de forma pudica. Enquanto isso, o tema das fronteiras apaga-se no oceano de clichês da incomunicabilidade.
AMOR E DOR |
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