Mário Bortolotto estreia peça situada em quarto de hotel

	Lenise Pinheiro/Folhapress
	O ator Carlos Carah em cena de "Quartos de Hotel", novo espetáculo de Mário Bortolotto

O que acontece em um quarto de hotel fica entre quatro paredes. E, ali, acontece de tudo.

É partindo dessa ideia que o dramaturgo Mário Bortolotto, 49, escreveu sua peça, "Quartos de Hotel", primeira montagem inédita da mostra "Cemitério de Automóveis 30 Anos - Artes do Subterrâneo", que comemora o aniversário da companhia fundada em Londrina (Paraná).

"Sempre pensei em escrever um texto que se passasse todo em um quarto desses. Quando vim para São Paulo pela primeira vez, fiquei seis meses morando só em hotéis vagabundos. Desde lá tenho essa ideia", diz Bortolotto.

A motivação, segundo o diretor, foi a constatação de que os hotéis não são apenas lugares de lazer nem usados só para dormir ou ter encontros amorosos.

São, na verdade, "os últimos redutos de quem não quer deixar marcas", como diz uma personagem na peça.

Desse modo, entre as seis cenas independentes que compõem o espetáculo, uma traz o diálogo de um homem com uma prostituta que é paga para conversar (não sobre sexo); outra mostra uma mulher prestes a se casar se queixando do futuro marido; uma apresenta uma mulher que quer ver a sogra morta para ficar rica; e assim por diante.

De modo geral, os personagens de "Quartos de Hotel" são menos marginais e "subterrâneos" do que se costuma ver nas peças de Bortolotto e do Cemitério.

"É bem menos submundo, com certeza. Até comentei esses dias que a peça só tem uma puta e nenhum bandido! Tem até uns personagens certinhos, acho que eu estou ficando estranho", diz, rindo.

Quanto às influências para a montagem, por outro lado, o diretor diz seguir a mesma linha de sempre, cheia de referências extrateatrais.

"Enquanto eu estava escrevendo o texto, continuei lendo meus gibis, vendo meus filmes estranhos. Não fui ver outra peça de teatro para me inspirar", afirma.

QUARTOS DE HOTEL
QUANDO qua. a sáb., às 21h, e dom., às 20h
ONDE Estação Caneca (r. Frei Caneca, 384; tel. 2371-5783)
QUANTO pague o quanto puder
CLASSIFICAÇÃO 16 anos