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Crítica artes visuais

Mostra reúne obras de Caravaggio e discípulos

Exposição ressalta a influência do mestre do Barroco e as diferenças entre suas peças e as de seus seguidores

Alessandro Shinoda - 2.ago.12/Folhapress
Visitante observa obra de Caravaggio na mostra que está em cartaz no Masp
Visitante observa obra de Caravaggio na mostra que está em cartaz no Masp

FABIO CYPRIANO
CRÍTICO DA FOLHA

Enquanto Leonardo da Vinci (1452-1519) representa a grande figura do Renascimento, marcado pela crença na razão e na valorização da ciência, Michelangelo

Merisi, mais conhecido como Caravaggio (1571-1610), apresenta-se como seu oposto.

Grande nome do Barroco, Caravaggio retratou a crise dos valores racionalistas do Iluminismo, em obras dramáticas, onde seus personagens são retratados sob intensa luminosidade, envoltos, contudo, em um fundo enegrecido.

"Caravaggio e seus Seguidores", em cartaz no Museu de Arte de São Paulo (Masp), traz sete obras-primas do grande mestre, que ilustram bem seu estilo inconfundível.

"São Jerônimo que Escreve" (1605-1606), o mais belo de seus trabalhos na exposição, por exemplo, retrata o santo no momento mais importante de sua vida, quando ele traduz a Bíblia para o latim.

No entanto, próximo a ele, Caravaggio pinta uma caveira, símbolo da morte. Esse é, justamente, o cerne da poética barroca: a fé surge a partir de dramatizações extremas, de encenações forçadas, o oposto das límpidas imagens de Da Vinci.

Mas o Barroco, movimento que surge após o descobrimento da América e quando os valores europeus são postos em cheque, é justamente a arte da dúvida, do espanto.

"Medusa Murtola" (1597), dessa forma, torna-se outra obra icônica no Masp. Retirada da mitologia grega, a Medusa de Caravaggio carrega uma série de dúvidas em sua própria carreira.

A obra teria desaparecido por mais de 200 anos e só reapareceu em mãos de colecionadores privados em 1970. No entanto, a técnica para sua realização é detidamente explicada na mostra, que inclui até imagens feitas por reflectologia, que permitem saber como foram os desenhos preparatórios.

A exposição se completa com trabalhos de alguns seguidores de Caravaggio, que buscaram manter sua técnica, após sua saída de Roma, em 1606, quando foge da cidade após ter matado um rapaz durante uma briga.

As obras, contudo, só reforçam a importância de Caravaggio. Nenhum deles consegue, de fato, se aproximar da radicalidade do mestre e apenas salientam a diferença entre um criador e os seus copiadores, mesmo que a qualidade das obras selecionadas não deixe a desejar. De fato, elas enfatizam a influência decisiva de Caravaggio para o imaginário barroco.

CARAVAGGIO E SEUS SEGUIDORES
QUANDO de ter. a dom., das 11h às 18h, qui., das 11h às 20h; até 30/9
ONDE Masp (av. Paulista, 1.578, tel. 3251-5644)
QUANTO R$ 15
CLASSIFICAÇÃO livre
AVALIAÇÃO ótimo

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