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Crítica drama

"A Rebelião" mostra diretor engajado

Ator Mathieu Kassovitz comanda o drama sobre rebeldes suprimidos pelo governo francês

Divulgação
Mathieu Kassovitz em cena do filme "A Rebelião"
Mathieu Kassovitz em cena do filme "A Rebelião"

CÁSSIO STARLING CARLOS
CRÍTICO DA FOLHA

Das muitas formas de representar a política no cinema, "A Rebelião" adota a mais "objetiva", apesar de convencional e gasta. A ambição do diretor Mathieu Kassovitz é histórica, não estética. Resume-se a reconstituir um fato, turbiná-lo com recursos da ficção, como o drama e a ação, e obter um efeito de denúncia.

A superprodução francesa resgata um mal contado episódio do massacre, em 1988, de um grupo de rebeldes que havia tomado reféns na ilha de Ouvéa, no arquipélago de Nova Caledônia, possessão francesa no Pacífico Sul.

Depois de atacar uma base militar, os militantes do movimento FLNKS (Frente de Liberação Nacional Kanak e Socialista) mantiveram 16 reféns numa gruta.
Ao fim de duas semanas, o governo do então primeiro-ministro Jacques Chirac determinou um assalto no qual morreram 19 rebeldes, supostamente executados.
"A Rebelião" retrocede do momento da dizimação ao instante em que o capitão Philippe Legorjus é convocado pelo governo francês e vai para o arquipélago à frente de um grupo de combatentes.

A estratégia do ator-diretor Kassovitz consiste menos em tirar proveito emocional dos papéis de heróis e vítimas que traçar as linhas de força, demonstrar que, sob o peso da política, não sobra bastante espaço para decisões humanas baseadas na razão e na negociação diplomática.

À medida que os dias avançam, o filme revela as faces individuais, os valores reivindicados pelos independentistas que o governo trata como terroristas -a progressão factual permite ao profissional a serviço do colonialismo enxergar os limites entre o direito e o poder, subentendidos no título original, "A Ordem e a Moral".

Nesse sentido, "A Rebelião" reaproxima Kassovitz da visão engajada que chamou a atenção para suas qualidades em filmes como "O Ódio", de 1995.

Depois de uma deriva que o levou a produções hollywoodianas em geral malsucedidas, ele recupera prestígio inspirando-se na fórmula habilidosa de cineastas como Costa-Gavras e Pierre Schoendoerffer, que traduziram lemas e temas politizados em histórias de fácil entendimento e emoções potentes.

A REBELIÃO
DIRETOR Mathieu Kassovitz
PRODUÇÃO França, 2011
ONDE Espaço Itaú de Cinema Frei Caneca e Lumière Playarte
CLASSIFICAÇÃO 14 anos
AVALIAÇÃO regular

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