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John Carpenter paga tributo ao cinema

Retrospectiva reúne homenagens a vários gêneros feitas por um diretor mais conhecido por seus filmes de terror

Mostra organizada pelo Festival do Rio chega a São Paulo e exibe 14 longas do cineasta a partir de amanhã

Divulgação
Jamie Lee Curtis em cena de "Halloween - A Noite do Terror"
Jamie Lee Curtis em cena de "Halloween - A Noite do Terror"

THALES DE MENEZES
EDITOR-ASSISTENTE DA “ILUSTRADA”

John Carpenter é sempre citado na mídia como "um dos mestres dos filmes de terror". Uma definição muito justa, mas incompleta.

O diretor americano de 64 anos é também um apaixonado pelo cinema a ponto de guiar sua carreira por homenagens a outros gêneros.

Sua obra é repleta de releituras, como prova a mostra de seus trabalhos no Cine Sesc, de amanhã até o dia 14.

Filho de um professor de música que o ensinou a tocar uma dezena de instrumentos, Carpenter começou a rodar curtas em 8 mm aos 11 anos de idade. Tentava imitar seus diretores favoritos.

Essa lista é encabeçada por Howard Hawks (1896-1977), Alfred Hitchcock (1899-1980), Stanley Kubrick (1928-1999) e John Ford (1894-1973).

Depois da faculdade de cinema, sua estreia comercial foi "Dark Star", em 1974, filme dentro da cartilha ortodoxa da ficção científica.

Mas logo no segundo longa, "Assalto à 13ª DP" (1976), as referências brotaram. Ele adaptou "Rio Bravo", western clássico de Hawks, mudando a ação para uma delegacia de um bairro de Los Angeles.

Carpenter daria o grande salto em 1978, ao transformar um roteiro sobre um assassino de babás em "Halloween: A Noite do Terror", início de uma franquia de sucesso e modelo para inúmeras outras com serial killers de jovens.

DINHEIRO E PRESTÍGIO

Ganhando muito dinheiro com as sequências -que produziu, mas não dirigiu-, ele atravessou a década de 1980 com prestígio de crítica e novas citações do passado.

A exceção totalmente original foi seu filme mais cultuado até hoje, a ação futurista "Fuga de Nova York" (1981). Kurt Russell, que já tinha trabalhado com Carpenter em 1979 no telefilme "Elvis", criou o herói casca-grossa de tapa-olho Snake Plissken.

Ele precisa tirar o presidente americano de Manhattan, agora uma ilha transformada em presídio a céu aberto.

Quem puder ver apenas um filme dessa retrospectiva deve escolher essa obra-prima, tão boa que rendeu a continuação "Fuga de Los Angeles" -engraçada, mas fraca.

Ele dirigiu na mesma década "O Enigma do Outro Mundo", refilmagem de horror sci-fi de Hawks dos anos 1950.

Outro "tributo" também foi um primeiro fracasso comercial: "Os Aventureiros do Bairro Perdido", novamente com Russell, releitura dos filmes de artes marciais.

Apostou em mais refilmagens -"Memórias de um Homem Invisível" e "A Cidade dos Amaldiçoados"- e homenagens ao terror clássico ("Príncipe das Sombras") e ao filme B ("Eles Vivem"), perdendo popularidade durante a década de 1990.

Quase em ritmo de aposentadoria -desde 2001 só dirigiu "Aterrorizada" (2010), reciclagem de seus temas-, ele pode ser avaliado por novas gerações na mostra paulistana, a mesma retrospectiva exibida no Festival do Rio.

Numa época em que suas obras estão sendo refilmadas com péssimos resultados, como o novo "O Enigma do Outro Mundo", a força do cinema de Carpenter só aumenta.

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