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Crítica documentário

John Turturro faz passeio pessoal pelas dores de amor da canção napolitana

ALEXANDRE AGABITI FERNANDEZ
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Cidade portuária invadida inúmeras vezes pelos mais diferentes povos, Nápoles é resultado de múltiplos cruzamentos culturais.
Sua expressão cultural mais característica é a canção, entoada em napolitano, objeto deste documental do ator e diretor ítalo-americano John Turturro.
"Com curiosidade e humildade", segundo suas palavras, Turturro nos leva para uma viagem pela música napolitana de ontem e de hoje, combinando imagens de arquivo, depoimentos e números musicais.
O olhar do diretor é o do estrangeiro, do não especialista, que se surpreende com cada descoberta.
Por isso não se deve esperar um painel completo e explicativo da música napolitana: as escolhas de Turturro são, antes de tudo, pessoais, orientadas mais pelo coração do que pela razão. Mas isso não compromete o resultado.
Muito melodiosa, a canção napolitana geralmente assume a forma da queixa amorosa ou da serenata. Ela traz influências da música do norte da África, da Espanha e de outros lugares.
A participação da portuguesa Mísia, que canta duas músicas, deixa antever afinidades com o fado e explicita a proximidade sonora do napolitano com o português.
Como Havana e Rio de Janeiro, Nápoles respira música por toda parte, tem uma cena musical muito rica, bem captada pelo filme.
Além de apresentar a tradição secular, mostra como ela é transformada em algo novo por jovens intérpretes.
Do lado da tradição, marcam presença expoentes como o cantor e ator Massimo Ranieri, que interpreta "Malafemmena", composição autobiográfica do ator cômico Totò; Peppe Barra, intérprete comprometido em manter a identidade da música da cidade, e o cantor e violonista Fausto Cigliano, que apresenta o clássico "Catarì".
Entre os mais jovens, Pietra Montecorvino e Mina se destacam pela intensidade com que cantam as dores de amor.
A abertura a novas sonoridades como o jazz, o pop e o hip-hop é representada por Max Casella, Raiz, a tunisiana M'Barka Ben Taleb e o saxofonista James Senese, filho de um militar americano.
A deplorar apenas a ausência de tradução das letras das canções, capazes de arrancar lágrimas dos mais durões.

PASSIONE
DIREÇÃO John Turturro
PRODUÇÃO EUA, 2010
ONDE Espaço Unibanco Augusta
CLASSIFICAÇÃO 14 anos
AVALIAÇÃO bom

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