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CRÍTICA
"Castelo Rá-Tim-Bum", o filme, supera série de TV
da Reportagem Local
"Castelo Rá-Tim-Bum", o filme,
supera a série da TV Cultura que
lhe deu origem. E isso basta para
que pais que desejam levar seus filhos ao cinema nestas férias tenham a obrigação de o preferir a
todos os seus concorrentes.
"Castelo Rá-Tim-Bum", a série,
tinha, entre seus projetos educativos, o objetivo de transmitir informações úteis no dia-a-dia da
criança -uma necessidade da
TV educativa que era, também,
um fator limitante, do ponto de
vista narrativo.
O filme não tem essa preocupação. O espectador, portanto, não
vai ver cenas constrangedoras de
tios ensinando a escovar os dentes
e a pentear os cabelos. Em vez disso, encontrará crianças-heróis
com "monstros" a enfrentar e opções morais a escolher.
Podendo investir em entretenimento, "Castelo Rá-Tim-Bum", o
filme, aproveitou o melhor da liberdade conquistada.
Hamburger conseguiu que seus
personagens ganhassem profundidade e sentido (por exemplo, ao
relacionar um suposto alinhamento planetário ao crescimento
da capacidade do aprendiz de feiticeiro).
"Castelo Rá-Tim-Bum", o filme,
é quase um conto de fadas. As divisões entre bem e mal são claras,
e a criança é levada a se identificar
com o bem. Nino tem de escrever
seu livro (tarefa escolar que não
recebe esse nome), luta para superar uma dificuldade, acha que não
é capaz, mas acaba vencendo seus
medos, enfrentando e derrotando
os adultos maus.
Há, portanto, uma valorização
do livro e do conhecimento, como
quis seu diretor. Essa opção, que
não raro termina num discurso
moralista, com efeito oposto ao
desejado, é dessa vez coerente.
Nem alienante (crítica comum e
superficial feita normalmente aos
contos de fadas) "Castelo Rá-Tim-Bum" pode ser considerado.
Ao opor os interesses de manutenção da cultura (representados
pelo castelo) e os do mercado
imobiliário (a construção da megatorre), o filme opõe os interesses imediatistas da indústria aos
do conhecimento e da história.
Mesmo colocado ao lado da
produção recente do cinema brasileiro, "Castelo Rá-Tim-Bum" é
um dos raros filmes que falam do
mundo urbano. E o trata de forma
séria -e não picaresca, como nas
comédias de costume cariocas.
Comparado a filmes infantis como "O Menino Maluquinho"
(tanto o um quanto o dois), há
menor idealização da infância e,
portanto, maior possibilidade de
identificação entre espectador e
herói.
O resultado da produção corresponde ao dinheiro investido.
Os cenários são convincentes
(evitam as cores abundantes da
série de TV), a música (de André
Abujamra, do Karnak) é perfeita
para um filme infantil e os atores
estão muito bem (em especial
Marieta "Losângela" Severo), inclusive as crianças.
O roteiro falha em pelo menos
um ponto, em que Losângela,
uma bruxa com milhares de anos
nas costas, tem um ataque quando vê um rato. Para um adulto, é
duro de engolir. Para as crianças,
é o caso de perguntar a elas. Mas,
assim como não se deixa de fazer
um filme por problemas numa
cena, não é tão pouco que vai tirar
uma estrela de "Castelo Rá-Tim-Bum".
(HCS)
Avaliação:
Filme: Castelo Rá-Tim-Bum
Diretor: Cao Hamburger
Produção: Brasil, 1999
Com: Diegho Kozievitch, Marieta Severo,
Sergio Mamberti e Rosi Campos
Quando: a partir de hoje, nos cines
Center Iguatemi 1, Espaço Unibanco 1 e
circuito
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