São Paulo, Sábado, 01 de Janeiro de 2000


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O BOM DO DIA
Filme traz descoberta da sexualidade
"Amigas de Colégio" vê "cegueira adulta"


VALMIR SANTOS
free-lance para a Folha


Está aí um filme que professores e pais deveriam assistir, e sem lição de moral. É constrangedor e verdadeiro o papel dos adultos em "Amigas de Colégio", o longa-metragem do diretor sueco Lukas Moodysson, em cartaz na sala 2 do Espaço Unibanco (leia roteiro nesta página).
O relacionamento entre as duas adolescentes mobiliza a todos e reflete a fragilidade dos laços de família. Soa patético, por exemplo, o diálogo do pai que tenta converter a filha ao deus-dará. "Desculpa, mas prefiro ser feliz agora", responde Agnes, 16, na interpretação firme e delicada de Rebecca Liljeberg.
É a personagem-pivô da história, apesar de o roteiro canalizar as atenções para Elin (Alexandra Dahlströn), 14, a loirinha espevitada. O filme acompanha a aproximação das duas por meio das tentativas e erros da paixão não-correspondida.
No hiato da conquista, desfilam medos e angústias da descoberta da sexualidade e do amor (não sempre nesta ordem).
As reações explosivas e narcísicas de Elin e a melancolia poética de Agnes cativam o espectador pela honestidade dos sentimentos em jogo.
Já aos adultos da cegueira cotidiana, restam papéis secundários. Eles não alteram uma vírgula no destino das garotas. E, por omissão, jamais tomarão um achocolatado tão inocente e deliciosamente como as amigas-amantes o fazem ao final. Ainda que, em adulto, tudo será diferente. Pena.


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