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O BOM DO DIA
Filme traz descoberta da sexualidade
"Amigas de Colégio" vê "cegueira adulta"
VALMIR SANTOS
free-lance para a Folha
Está aí um filme que professores e pais deveriam assistir, e sem
lição de moral. É constrangedor
e verdadeiro o papel dos adultos
em "Amigas de Colégio", o longa-metragem do diretor sueco
Lukas Moodysson, em cartaz na
sala 2 do Espaço Unibanco (leia
roteiro nesta página).
O relacionamento entre as
duas adolescentes mobiliza a todos e reflete a fragilidade dos laços de família. Soa patético, por
exemplo, o diálogo do pai que
tenta converter a filha ao deus-dará. "Desculpa, mas prefiro ser
feliz agora", responde Agnes, 16,
na interpretação firme e delicada
de Rebecca Liljeberg.
É a personagem-pivô da história, apesar de o roteiro canalizar
as atenções para Elin (Alexandra
Dahlströn), 14, a loirinha espevitada. O filme acompanha a aproximação das duas por meio das
tentativas e erros da paixão não-correspondida.
No hiato da conquista, desfilam
medos e angústias da descoberta
da sexualidade e do amor (não
sempre nesta ordem).
As reações explosivas e narcísicas de Elin e a melancolia poética
de Agnes cativam o espectador
pela honestidade dos sentimentos
em jogo.
Já aos adultos da cegueira cotidiana, restam papéis secundários.
Eles não alteram uma vírgula no
destino das garotas. E, por omissão, jamais tomarão um achocolatado tão inocente e deliciosamente como as amigas-amantes o
fazem ao final. Ainda que, em
adulto, tudo será diferente. Pena.
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