São Paulo, quinta-feira, 01 de janeiro de 2004

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Rock pesado dos ingleses Napalm Death e Carcass e do brasileiro RDP ganha espaço no país

Napalm

Divulgação
A partir da esq.: Jão, Fralda, Boka e João Gordo, do grupo Ratos de Porão, que lança seu segundo disco ao vivo, gravado no CBGB


JEAN CANUTO
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Para os amantes do rock pesado, e coloque ênfase no pesado, o ano já começa bem.
A gravadora Sum Records coloca nas prateleiras de uma vez só a discografia dos grupos ingleses Napalm Death e Carcass, nomes emblemáticos do gênero grindcore, um som extremamente rápido e ultraviolento, com vocais berrados à beira da incompreensão.
O pacotaço traz dez discos do Napalm Death e outros seis do Carcass, todos compreendendo a carreira de ambos dentro do renomado selo Earache Records, responsável por abrigar a nata do estilo desde o seu primórdio.
Formado no início dos anos 80, o Napalm Death é um dos nomes mais respeitados da cena, tendo vital importância na propagação dessa música até os dias de hoje.
Bem distante de grupos cuja abordagem privilegia temas satânicos, o Napalm se credencia pelo cunho de contestação social e política de suas letras, incorporando hardcore, thrash e punk rock no seu som.
Da coleção de CDs, seus dois primeiros discos explicitam bem essas condições, os essenciais e rápidos "Scum" (87) e "From Enslavement to Obliteration" (88). Nesse período, a banda caiu nas graças do renomado DJ inglês John Peel e foi intimada a gravar a tradicional "Peel Sessions".

Sai e entra
Uma verdadeira dança das cadeiras tomou o grupo de assalto no final de sua primeira década de existência, originando novos expoentes para o rock pesado.
Começou com as saídas do vocalista Lee Dorrian, que fundou o Cathedal, banda de doom metal, seguido de perto pelo guitarrista, Bill Steer, que decidiu liderar outro nome forte do grindcore, o Carcass, e terminou com o desligamento do conceituado baterista Mick Harris, que abandonou o barco para se aventurar pelo dub com o Scorn, seu novo projeto.
Os anos 90 trouxeram sangue novo para o Napalm. Danny Herrera assumiu a bateria, Mark "Barney" Greenway (ex-Benediction), os vocais, Jesse Pintado (ex-Terrorizer) e Mitch Harris (ex-Righteous Pigs), as guitarras, e Shane Embury, na banda desde 87, manteve-se no baixo.
Essa formação, que segue até os dias de hoje, lançou dois clássicos imediatos para essa década, "Utopia Banished" (92) e "Fear, Empitness, Despair" (94), títulos presentes nos lançamentos.

Filho pródigo
A banda entrou a seguir numa fase mais lenta e barulhenta, assimilando mais elementos do thrash metal. Novos discos bem menos impactantes sucederam-se e resultam na saída do vocalista Greenway.
Já fora do Napalm, ele assumiu os vocais de um mito do punk grindcore britânico, o Extreme Noise Terror, gravando com a banda o álbum "Damage 381".
Coincidência ou não, o ENT dispensou pouco depois um de seus vocalistas, Phil Vane, que prontamente assumiu os vocais do... Napalm Death.
Ainda não acabou. Greenway reconciliou-se com o Napalm em seguida, voltando a tempo de gravar o novo álbum do grupo, "Inside the Torn Apart", um disco de resgate dos velhos tempos.
Phil Vane caiu fora do Napalm e voltou, adivinhe, para o ENT.
A considerar o pacote, há ainda os discos "Death by Manipulation", curiosa coletânea que traz duas fases e estilos distintos num mesmo disco, com faixas e regravações na voz de Lee Dorrian e de Barney Greenway, e o disco ao vivo "Bootlegged in Japan", gravado durante turnê do grupo em 96, cujas faixas já circulavam entre fãs e foi oficializado pela banda como uma amostra de sua energia descompromissada nos palcos.
Traz músicas de várias fases e um cover poderoso de "Nazi Punks Fuck Off", do Dead Kennedys. A seguir a banda lançou "Words from the Exit Wound", que simboliza o fim do longo casamento de 11 anos com a Earache Records.


NAPALM DEATH. Lançamento: Sum Records. Quanto: R$ 25, em média, cada um (dez CDs).


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