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Mostra fotográfica passa a limpo 40 anos em palcos paulistanos
Vania Toledo exibe imagens realizadas em peças de Albee e do Teatro Oficina
GUSTAVO FIORATTI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
É a condição mais triste e
mais bela do teatro. Uma montagem, ao fim de sua temporada, desmancha-se na memória
daqueles que a viram. Ficam
apenas pistas de sua existência,
textos em jornal, um ou outro
comentário de quem ocupou a
platéia. Ou registros fotográficos, como na série "Palco Paulistano", de Vania Toledo, exibida a partir de hoje no Sesc Pinheiros, que faz reviver algumas das montagens mais notáveis da segunda metade do século 20 em São Paulo.
Vania começou a fotografar
peças na década de 60, sem
grandes pretensões. Levava o
ofício apenas como um hobby,
enquanto cursava a faculdade
de Ciências Sociais na USP. Aos
poucos, foi tecendo uma rede
de amizades entre artistas, atores e diretores e, registrando
suas encenações, formou um
extenso acervo. "Antigamente,
os artistas estavam mais próximos dos universitários. As relações eram mais pautadas por
interesses culturais", conta.
Uma das primeiras imagens
captadas por sua câmera foi da
peça "Zôo Story", com texto de
Edward Albee interpretado,
em 1965, por Raul Cortez e Carlos Vereza. "Cemitério de Automóveis" (1968), de Fernando
Arrabal, e "Galileu Galilei", do
Oficina, dão continuidade à série dos anos 60, com a marca de
suas reações ao autoritarismo
vigente.
Esses primeiros trabalhos e
os que datam dos anos 70 não
apresentam excelência técnica,
segundo ela. Vania foi aprendendo a fotografar conforme
trabalhava. Nunca fez curso
técnico.
"Eu anotava a abertura e a velocidade da máquina para depois entender o resultado, e assim ia definindo o trabalho",
conta. A iluminação nos palcos
também era "mais precária"
naquela época. Foi se sofisticando, também tecnologicamente, com o passar dos anos, o
que se faz notar na série.
Especialmente nos anos 70, a
utilização da luz foca mais o
rosto dos atores, distinguindo-se da iluminação em plano geral dos anos 80 e 90. "O texto e a
expressividade dos atores eram
valorizados, assim", diz Vania.
Vania conta que seus registros sempre foram feitos durante passagens de cena.
"Os atores nunca posavam
para mim. Eu pedia que a iluminação fosse a mesma do espetáculo e trabalhava com cena
corrida". Por isso, afirma, algumas fotos são mais estouradas,
como se pode ver num retrato
do espetáculo montado no Municipal, "The Life and Time
of David Clarke" (1974), de
Bob Wilson.
VANIA TOLEDO: PALCO PAULISTANO
Onde: Sesc Pinheiros (r. Paes Leme,
195, Pinheiros, tel. 3095-9400)
Quando: ter. a sex.: 13h às 21h30; sáb.,
dom. e feriados: 10h às 18h30.
Quanto: grátis
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