São Paulo, quinta-feira, 01 de fevereiro de 2007

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Mostra fotográfica passa a limpo 40 anos em palcos paulistanos

Vania Toledo exibe imagens realizadas em peças de Albee e do Teatro Oficina

GUSTAVO FIORATTI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

É a condição mais triste e mais bela do teatro. Uma montagem, ao fim de sua temporada, desmancha-se na memória daqueles que a viram. Ficam apenas pistas de sua existência, textos em jornal, um ou outro comentário de quem ocupou a platéia. Ou registros fotográficos, como na série "Palco Paulistano", de Vania Toledo, exibida a partir de hoje no Sesc Pinheiros, que faz reviver algumas das montagens mais notáveis da segunda metade do século 20 em São Paulo.
Vania começou a fotografar peças na década de 60, sem grandes pretensões. Levava o ofício apenas como um hobby, enquanto cursava a faculdade de Ciências Sociais na USP. Aos poucos, foi tecendo uma rede de amizades entre artistas, atores e diretores e, registrando suas encenações, formou um extenso acervo. "Antigamente, os artistas estavam mais próximos dos universitários. As relações eram mais pautadas por interesses culturais", conta.
Uma das primeiras imagens captadas por sua câmera foi da peça "Zôo Story", com texto de Edward Albee interpretado, em 1965, por Raul Cortez e Carlos Vereza. "Cemitério de Automóveis" (1968), de Fernando Arrabal, e "Galileu Galilei", do Oficina, dão continuidade à série dos anos 60, com a marca de suas reações ao autoritarismo vigente.
Esses primeiros trabalhos e os que datam dos anos 70 não apresentam excelência técnica, segundo ela. Vania foi aprendendo a fotografar conforme trabalhava. Nunca fez curso técnico.
"Eu anotava a abertura e a velocidade da máquina para depois entender o resultado, e assim ia definindo o trabalho", conta. A iluminação nos palcos também era "mais precária" naquela época. Foi se sofisticando, também tecnologicamente, com o passar dos anos, o que se faz notar na série.
Especialmente nos anos 70, a utilização da luz foca mais o rosto dos atores, distinguindo-se da iluminação em plano geral dos anos 80 e 90. "O texto e a expressividade dos atores eram valorizados, assim", diz Vania.
Vania conta que seus registros sempre foram feitos durante passagens de cena. "Os atores nunca posavam para mim. Eu pedia que a iluminação fosse a mesma do espetáculo e trabalhava com cena corrida". Por isso, afirma, algumas fotos são mais estouradas, como se pode ver num retrato do espetáculo montado no Municipal, "The Life and Time of David Clarke" (1974), de Bob Wilson.


VANIA TOLEDO: PALCO PAULISTANO
Onde:
Sesc Pinheiros (r. Paes Leme, 195, Pinheiros, tel. 3095-9400)
Quando: ter. a sex.: 13h às 21h30; sáb., dom. e feriados: 10h às 18h30.
Quanto: grátis


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