São Paulo, sábado, 01 de abril de 2006

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MÚSICA

Contemporânea do Nação Zumbi e do Mundo Livre S/A, banda toca hoje no Studio SP após temporada no Grazie a Dio!

Banda Eddie traz Olinda para cena musical paulistana

ADRIANA FERREIRA SILVA
DA REPORTAGEM LOCAL

Quando se fala sobre o movimento pernambucano mangue beat, imediatamente vêm à cabeças os nomes de Nação Zumbi, Mundo Livre S/A, Otto...
Já o Eddie, contemporâneo de toda essa turma, pouca gente conhece -mesmo sendo de seu líder, o vocalista Fábio Trummer, o hit "Quando a Maré Encher", gravado pela Nação Zumbi e por Cássia Eller. Talvez isso ocorra porque a banda optou por permanecer agitando a terra natal, mais precisamente Olinda, onde são festejados, movimentando um acalorado circuito de festas e shows.
Pois com o novo e terceiro disco, "Metropolitano", eles pretendem reverter essa lógica. Depois de temporada no Grazie a Dio!, tocam hoje no Studio SP.
A sonoridade do Eddie tem todos os elementos que caracterizam o mangue beat: ritmos regionais misturados a influências de rock, samba, eletrônica, música pop. Mas é nas letras, principalmente, que fica claro de onde eles vêm, como no segundo CD, "Original Olinda Style", que trata da cidade da primeira à última faixa.
"O Eddie se dedicou a desenvolver uma cena local, por isso, nosso universo passou a ser esse", explica Trummer, 35. "Chico [Science] dizia que era preciso aprender a observar o que tem dentro da sua cidade."
Seguindo o conselho do companheiro, Trummer conta que "mergulhou" nas tradições afro-brasileiras guiado pelas mãos do músico e poeta Erasto Vasconcelos, irmão de Naná Vasconcelos.
"Tinha a intenção de ampliar o público saindo um pouco do gueto do rock, da música pop", diz.
Em "Metropolitano", a banda vai além das ladeiras de Olinda, mas ainda mantém o sotaque local. "É um disco mais abrangente, mais urbano. A idéia é dar uma continuidade, mas também trazer de volta alguns elementos do [primeiro CD] "Sonic Mambo", de 98, que tinha uma pegada mais rock", afirma Trummer.
Essa intenção fica clara na gravação de "Quando a Maré Encher" que, ao contrário da versão da Nação Zumbi, tira o peso da percussão e o joga na guitarra.
Já na faixa de abertura, "Metropolitano", o vocal falado de Trummer se destaca sobre uma base melancólica, que acentua o clima da letra ("a pele ardendo/ os dentes caindo/ o sol rachando os lábios secos/ E o homem cansado, traído, afastado, botado de lado...). Os temas áridos, políticos, são outra característica do Eddie, como em "Fuleragem" (política da câmara despudorada, fuleragem...). "Recife é uma cidade muita injusta socialmente, não dá só para falar da parte boa da história", diz Trummer.
Entre tradição e mobilização, cabe ainda um sambinha de Wilson Baptista e Jorge de Castro, "Lealdade", a gingada "As Flores e as Cores", e o ótimo frevo "Vida Boa", bons momentos do disco.


Metropolitano
   
Artista: Eddie
Lançamento: independente
Quanto: R$ 22 (em média)

Eddie
Quando:
hoje, à 1h
Onde: Studio SP (r. Inácio Pereira da Rocha, 170, V. Madalena, tel. 3817-5425)
Quanto: R$ 10


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