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MÚSICA
Contemporânea do Nação Zumbi e do Mundo Livre S/A, banda toca hoje no Studio SP após temporada no Grazie a Dio!
Banda Eddie traz Olinda para cena musical paulistana
ADRIANA FERREIRA SILVA
DA REPORTAGEM LOCAL
Quando se fala sobre o movimento pernambucano mangue
beat, imediatamente vêm à cabeças os nomes de Nação Zumbi,
Mundo Livre S/A, Otto...
Já o Eddie, contemporâneo de
toda essa turma, pouca gente conhece -mesmo sendo de seu líder, o vocalista Fábio Trummer, o
hit "Quando a Maré Encher", gravado pela Nação Zumbi e por
Cássia Eller. Talvez isso ocorra
porque a banda optou por permanecer agitando a terra natal, mais
precisamente Olinda, onde são
festejados, movimentando um
acalorado circuito de festas e
shows.
Pois com o novo e terceiro disco, "Metropolitano", eles pretendem reverter essa lógica. Depois
de temporada no Grazie a Dio!,
tocam hoje no Studio SP.
A sonoridade do Eddie tem todos os elementos que caracterizam o mangue beat: ritmos regionais misturados a influências de
rock, samba, eletrônica, música
pop. Mas é nas letras, principalmente, que fica claro de onde eles
vêm, como no segundo CD, "Original Olinda Style", que trata da
cidade da primeira à última faixa.
"O Eddie se dedicou a desenvolver uma cena local, por isso, nosso universo passou a ser esse", explica Trummer, 35. "Chico
[Science] dizia que era preciso
aprender a observar o que tem
dentro da sua cidade."
Seguindo o conselho do companheiro, Trummer conta que
"mergulhou" nas tradições afro-brasileiras guiado pelas mãos do
músico e poeta Erasto Vasconcelos, irmão de Naná Vasconcelos.
"Tinha a intenção de ampliar o
público saindo um pouco do gueto do rock, da música pop", diz.
Em "Metropolitano", a banda
vai além das ladeiras de Olinda,
mas ainda mantém o sotaque local. "É um disco mais abrangente,
mais urbano. A idéia é dar uma
continuidade, mas também trazer
de volta alguns elementos do [primeiro CD] "Sonic Mambo", de 98,
que tinha uma pegada mais rock",
afirma Trummer.
Essa intenção fica clara na gravação de "Quando a Maré Encher" que, ao contrário da versão
da Nação Zumbi, tira o peso da
percussão e o joga na guitarra.
Já na faixa de abertura, "Metropolitano", o vocal falado de
Trummer se destaca sobre uma
base melancólica, que acentua o
clima da letra ("a pele ardendo/ os
dentes caindo/ o sol rachando os
lábios secos/ E o homem cansado,
traído, afastado, botado de lado...). Os temas áridos, políticos,
são outra característica do Eddie,
como em "Fuleragem" (política
da câmara despudorada, fuleragem...). "Recife é uma cidade
muita injusta socialmente, não dá
só para falar da parte boa da história", diz Trummer.
Entre tradição e mobilização,
cabe ainda um sambinha de Wilson Baptista e Jorge de Castro,
"Lealdade", a gingada "As Flores
e as Cores", e o ótimo frevo "Vida
Boa", bons momentos do disco.
Metropolitano
Artista: Eddie
Lançamento: independente
Quanto: R$ 22 (em média)
Eddie
Quando: hoje, à 1h
Onde: Studio SP (r. Inácio Pereira da
Rocha, 170, V. Madalena, tel. 3817-5425)
Quanto: R$ 10
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