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Cinemateca apresenta "ensaios audiovisuais" de Carlos Nader
Cineasta participa de debates com Antonio Cicero e Caetano Veloso, entre outros
EDUARDO SIMÕES
DA REPORTAGEM LOCAL
A mostra "Carlos Nader: Ensaios Audiovisuais", que a Cinemateca Brasileira e a Associação Cultural Babushka realizam de hoje até 12 de abril, propõe um diálogo entre obras autorais e outras 20 feitas por encomenda a Nader, 45. Para incrementar o diálogo, o artista
participa de dois debates, que
acontecem hoje e amanhã.
"A seleção demonstra ao
mesmo tempo que Nader é
uma antena do seu tempo e que
é possível existir vida inteligente e sensível na produção comercial", afirma o cineasta
Carlos Adriano, que mediará os
debates. "Apesar de todos os limites da informação clara, exigida pela produção por encomenda, é possível reconhecer o
exercício e a postura de Nader."
Autoralidade
Nader conta que, de início,
teve medo de "confundir o espectador" com as "posturas diferentes" dos trabalhos. "No
mínimo, a autoralidade fica diluída com a encomenda", diz
Nader. "Fiquei surpreso, mas
também contente, porque é
meu ganha-pão. Em vez de dar
aulas, por exemplo, faço esses
trabalhos mais artesanais, geralmente para museus."
O debate de hoje terá a presença de Antonio Cicero, colunista da Folha, e Caetano Veloso. A conversa terá como ponto
de partida os filmes "Carlos
Nader" (1998), "Concepção"
(2001) e "Cross" (2003). Nader
quer incluir nessa seleção o filme "Beijoqueiro: Portrait of a
Serial Kisser" (1992), encomenda de uma emissora de TV
francesa, mas que ele acabou
concluindo por conta própria.
"Juntos, os quatro trabalhos
mostram como fui gradativamente me descolando da narrativa tradicional do documentário, partindo para a mistura
de ficção e realidade, com cenas claramente armadas", diz
Nader, que, em seguida, reforça
o caráter de "ensaísta" que a
curadoria confere a ele:
"O Beijoqueiro encarnava o
Brasil maníaco-depressivo, que
se vangloriava de coisas incríveis como o futebol, mas depois
entrava numa depressão autodepreciativa. O vídeo mostra
bem isso, porque o personagem é carregado de sentimentos opostos. Foi preso tantas
vezes, por causa de beijos".
Na semana que vem, a mostra exibirá "Pan-Cinema Permanente", eleito melhor documentário no festival É Tudo
Verdade 2008. E, segundo o
próprio Nader, um filme barroco como seu retratado, o poeta
Waly Salomão (1943-2003):
"Há três linhas narrativas: um
documentário cronológico, um
retrato mais associativo da minha história com ele e um ensaio sobre cinema", diz.
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