São Paulo, quinta-feira, 01 de novembro de 2007

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Peça desnuda vida incestuosa do dramaturgo Tennessee Williams

Relação do autor com sua única irmã conduz "Rosa de Vidro", que estréia hoje

GABRIELA MELLÃO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A relação incestuosa, porém livre de envolvimento carnal, entre o grande dramaturgo norte-americano do pós-guerra Tennessee Williams (1911-1983) e sua única irmã, Rose, ganha vida em "Rosa de Vidro", que estréia hoje, no Espaço Satyros Um. "Muito do olhar extraordinário de Tennessee para a vida está na relação dele com a irmã", explica o autor da peça, João Fábio Cabral.
"Rosa de Vidro" é uma obra de ficção criada a partir de fragmentos encontrados em biografias de Tennessee Williams; em "Memórias", sua autobiografia; e na parte autobiográfica de sua obra -Rose inspirou personagens como Laura, de "À Margem da Vida".
A relação dos irmãos Williams foi intensificada pelo lar conflituoso, parecido àqueles encontrados nas peças do dramaturgo. Na década de 40, Rose foi internada e submetida a uma lobotomia. Ela possuía uma sensibilidade extremada, admirada pelo irmão e incompreendida pela mãe, que a confundia com insanidade.
O diretor Ruy Cortez tem profunda atração pelo universo da loucura, tema recorrente em seu trabalho. Foi ele quem encomendou "Rosa de Vidro" a Cabral. "O João Fábio trafega pela temática da marginalidade de maneira muito sensível", diz.
"Rosa de Vidro" busca traçar um panorama sócio-político da Depressão dos EUA, época em que, apesar de esmagada, a classe média-alta do país ainda lutava para conservar valores burgueses, confinando pessoas de comportamento incomum como Rose. "Este movimento foi muito repressor, quase nazista", finaliza Cortez.


ROSA DE VIDRO
Direção:
Ruy Cortez
Com: Julia Bobrow, Victória Camargo, Tales Penteado e Ricardo Gelli
Quando: de hoje a 15/12 (qui. às 21h e sáb. às 17h)
Onde: Espaço Satyros Um (pç. Roosevelt, 214, Centro, tel. 3258-6345)
Quanto: R$ 20


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