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Peça desnuda vida incestuosa do dramaturgo Tennessee Williams
Relação do autor com sua única irmã conduz "Rosa de Vidro", que estréia hoje
GABRIELA MELLÃO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A relação incestuosa, porém
livre de envolvimento carnal,
entre o grande dramaturgo
norte-americano do pós-guerra Tennessee Williams (1911-1983) e sua única irmã, Rose,
ganha vida em "Rosa de Vidro",
que estréia hoje, no Espaço
Satyros Um. "Muito do olhar
extraordinário de Tennessee
para a vida está na relação dele
com a irmã", explica o autor da
peça, João Fábio Cabral.
"Rosa de Vidro" é uma obra
de ficção criada a partir de fragmentos encontrados em biografias de Tennessee Williams;
em "Memórias", sua autobiografia; e na parte autobiográfica
de sua obra -Rose inspirou
personagens como Laura, de "À
Margem da Vida".
A relação dos irmãos Williams foi intensificada pelo lar
conflituoso, parecido àqueles
encontrados nas peças do dramaturgo. Na década de 40, Rose foi internada e submetida a
uma lobotomia. Ela possuía
uma sensibilidade extremada,
admirada pelo irmão e incompreendida pela mãe, que a confundia com insanidade.
O diretor Ruy Cortez tem
profunda atração pelo universo
da loucura, tema recorrente em
seu trabalho. Foi ele quem encomendou "Rosa de Vidro" a
Cabral. "O João Fábio trafega
pela temática da marginalidade
de maneira muito sensível",
diz.
"Rosa de Vidro" busca traçar
um panorama sócio-político da
Depressão dos EUA, época em
que, apesar de esmagada, a classe média-alta do país ainda lutava para conservar valores
burgueses, confinando pessoas
de comportamento incomum
como Rose. "Este movimento
foi muito repressor, quase nazista", finaliza Cortez.
ROSA DE VIDRO
Direção: Ruy Cortez
Com: Julia Bobrow, Victória Camargo, Tales Penteado e Ricardo Gelli
Quando: de hoje a 15/12 (qui. às 21h
e sáb. às 17h)
Onde: Espaço Satyros Um (pç. Roosevelt, 214, Centro, tel. 3258-6345)
Quanto: R$ 20
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