IRINEU FRANCO PERPETUO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Vai ser uma espécie de imersão em cordas dedilhadas ou talvez uma mostra das várias possibilidades dessa família de instrumentos. De amanhã a sexta, o Auditório Ibirapuera recebe artistas como Hélio Delmiro, Chico Pinheiro e Marco Pereira no festival Violões, Guitarra & Cia.
Com curadoria de Paulo Albuquerque, o evento coloca mais de uma atração por dia, fazendo apresentações em separado. A torcida é para que os solistas se juntem ao final de cada show, fazendo pelo menos um par de músicas em conjunto.
A diversidade de poéticas, instrumentos e gerações já se evidencia no primeiro dia, que traz os cariocas Henrique Cazes e Hélio Delmiro. Aos 46 anos de idade, Cazes, ex-integrante da célebre Camerata Carioca, de Joel Nascimento e Radamés Gnattali, é um dos principais expoentes do cavaquinho no Brasil.
Já Delmiro, aos 58 anos, possui uma rica trajetória como acompanhador de cantoras como Elizeth Cardoso, Elza Soares e Elis Regina. Consagrado, nos anos 70, como guitarrista de jazz, gravou, em 1981, com César Camargo Mariano, o disco "Samambaia".
Outro guitarrista carioca é Ricardo Silveira, que se apresenta no sábado e tem um trabalho que mescla elementos de jazz, funk e soul music à música brasileira. Silveira estudou nos EUA, a exemplo do jovem Chico Pinheiro, que, neste ano, estreou na gravadora Biscoito Fino.
Mais do que o músico que lançou a cantora Maria Rita, Pinheiro é um cancionista com parcerias elogiadas com letristas como Aldir Blanc, Paulo César Pinheiro e Chico César, além de um virtuose do violão e da guitarra, com grande fluência e facilidade para improvisações.
Além de Pinheiro e Silveira, a noite do sábado é complementada por Ronaldo do Bandolim (Ronaldo Souza Silva), José Paulo Becker (violão e viola caipira) e Marcello Gonçalves (violão de sete cordas), que, há dez anos, desenvolvem um trabalho inovador dentro do universo do choro com o Trio Madeira Brasil.
Violões, Guitarra & Cia. termina no domingo, com dois artistas que já gravaram juntos: Marco Pereira e Hamilton de Holanda, cujo trabalho conjunto, "Luz das Cordas", foi lançado pelo Núcleo Contemporâneo no ano 2000.
Pereira é um violonista de formação erudita, com um mestrado sobre a obra de Villa-Lobos para seu instrumento que até hoje é referência para os interessados no assunto.
Hamilton de Holanda, por sua vez, é um bandolinista carioca que todos pensam ter nascido em Brasília, pois se mudou para lá com um ano. Aos 29 anos, tem alargado as possibilidades de seu instrumento graças à união de um sentido especial para o lirismo a uma técnica que lhe permite tocar de maneira limpa passagens de inacreditável rapidez.


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