Marcelo Moscheta, 32, apresenta sua primeira exposição individual na galeria Leme; paulista ganhou prêmio na Bélgica

Mostra tem instalações, objetos, fotografias e desenhos que buscam "nova classificação de coisas", de acordo com o artista

Leonardo Wen/Folha Imagem

Marcelo Moscheta na Leme, em frente ao seu desenho "Lua"

MARIO GIOIA
DA REPORTAGEM LOCAL

Com "Gravity", primeira mostra individual do paulista Marcelo Moscheta, ganha ares de cenário de filme de ficção científica o prédio de concreto feito por Paulo Mendes da Rocha para a galeria Leme. No espaço, o artista reuniu instalações, objetos, desenhos e fotos que compõem sua pesquisa sobre a paisagem. "Aqui você tem de trabalhar a favor da construção", diz Moscheta, 32, referindo-se à galeria de linhas brutalistas de autoria do premiado arquiteto.
"Cada vez mais faço trabalhos para locais específicos e, em "Gravity", lidar com o prédio foi fundamental." "Pedras", que pode ser entendida como uma grande instalação ou como 14 objetos menores, se inscreve nesse diálogo com o espaço específico: Moscheta coletou 14 rochas de diversos tipos, em variados lugares, e as colocou em bases instaladas em uma das paredes da galeria. Os desenhos -de grafite sobre PVC, o que dá a eles um ar peculiar, algo sombrio- das pedras são feitos em suportes de ferro que mostram pequenas corrosões.
O artista também inscreve no ferro a latitude e a longitude onde foram localizadas cada uma das rochas. "É como se eu fizesse uma nova classificação das coisas, reorganizando-as com elas próprias, sua representação [o desenho] e seu lugar no mundo [as coordenadas geográficas], deslocadas para um espaço artístico", teoriza Moscheta. "E as pedras não deixam de conversar com todo esse concreto usado e exposto no edifício."
O desenho "Lua" é outra das obras que conferem à galeria algo de espaço sideral. De grandes proporções -2,40 m x 2,40 m-, também é de grafite sobre PVC, e domina uma das paredes. "Meu trabalho sempre fala sobre a paisagem. Relaciono conceitos como peso, massa, gravidade e outras coisas da física, mas isso não deixa de ser uma releitura sobre um gênero clássico da arte." A mostra ainda exibe objetos, instalações e uma fotografia.
Moscheta é um dos artistas presentes no mapeamento nacional do projeto "Rumos", do Itaú Cultural, que começa dia 11, em São Paulo. Também foi premiado na 7ª Bienal de Gravura de Liège, na Bélgica, e no 13º Cultura Inglesa Festival.