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CRÍTICA
Ano foi mau para EUA e bom para Brasil
INÁCIO ARAUJO
Crítico de Cinema
A votação do Festival CineSesc
confirma a impressão de que
1997 foi um ano medíocre para
o cinema americano. Só três dos
dez filmes mais votados pela crítica e três entre os sete preferidos do público vêm dos EUA.
É verdade que esse resultado
não reflete o que se viu nas bilheterias. Mas o cinema norte-americano está há anos em estado de letargia criativa, proporcional ao interesse crescente por
outras cinematografias no Brasil.
Em todo caso, o destaque dado a "Los Angeles, Cidade Proibida" é um sinal de mudança, tanto mais porque o filme de Curtis
Hanson é um produto industrial
típico, que concorre ao Oscar, e
de alto nível.
Para o Brasil, diferentemente,
97 foi um ano raro. Houve sucessos comerciais ("Guerra de Canudos", "Pequeno Dicionário Amoroso"), boas estréias ("Baile Perfumado", "Um Céu de Estrelas"),
confirmação de nomes consagrados (Walter Lima Jr.) e até mesmo
uma indicação ao Oscar de filme
estrangeiro ("O Que É Isso, Companheiro?").
É mais que um sinal de vida. Parece que o sistema de renúncia fiscal proposto pelo governo para
garantir o renascimento do cinema brasileiro está funcionando, a
julgar pela diversidade das propostas e dos tipos de produção
que têm aparecido.
Por fim, houve uma dispersão
bem maior que a habitual nas
principais premiações. Só Lars
Von Trier, com "Ondas do Destino", emplacou ao mesmo tempo
como melhor filme e diretor (setor crítica/filme estrangeiro).
Mesmo assim, dividiu a categoria
melhor diretor com Curtis Hanson, de "Los Angeles Cidade Proibida".
Em 1997, nenhum filme mostrou-se inteiramente dominante,
fosse estrangeiro ou brasileiro.
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