São Paulo, segunda, 2 de março de 1998

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CRÍTICA
Ano foi mau para EUA e bom para Brasil

INÁCIO ARAUJO
Crítico de Cinema

A votação do Festival CineSesc confirma a impressão de que 1997 foi um ano medíocre para o cinema americano. Só três dos dez filmes mais votados pela crítica e três entre os sete preferidos do público vêm dos EUA.
É verdade que esse resultado não reflete o que se viu nas bilheterias. Mas o cinema norte-americano está há anos em estado de letargia criativa, proporcional ao interesse crescente por outras cinematografias no Brasil.
Em todo caso, o destaque dado a "Los Angeles, Cidade Proibida" é um sinal de mudança, tanto mais porque o filme de Curtis Hanson é um produto industrial típico, que concorre ao Oscar, e de alto nível.
Para o Brasil, diferentemente, 97 foi um ano raro. Houve sucessos comerciais ("Guerra de Canudos", "Pequeno Dicionário Amoroso"), boas estréias ("Baile Perfumado", "Um Céu de Estrelas"), confirmação de nomes consagrados (Walter Lima Jr.) e até mesmo uma indicação ao Oscar de filme estrangeiro ("O Que É Isso, Companheiro?").
É mais que um sinal de vida. Parece que o sistema de renúncia fiscal proposto pelo governo para garantir o renascimento do cinema brasileiro está funcionando, a julgar pela diversidade das propostas e dos tipos de produção que têm aparecido.
Por fim, houve uma dispersão bem maior que a habitual nas principais premiações. Só Lars Von Trier, com "Ondas do Destino", emplacou ao mesmo tempo como melhor filme e diretor (setor crítica/filme estrangeiro). Mesmo assim, dividiu a categoria melhor diretor com Curtis Hanson, de "Los Angeles Cidade Proibida".
Em 1997, nenhum filme mostrou-se inteiramente dominante, fosse estrangeiro ou brasileiro.



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