São Paulo, quarta-feira, 02 de abril de 2003 |
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CINEMA Cinemateca Brasileira promove, em paralelo a lançamento de livro, ciclo com produções de destaque da companhia Obra propõe releitura do legado da Vera Cruz
SHIN OLIVA SUZUKI DA REDAÇÃO Uma releitura do legado da Vera Cruz para o cinema nacional é o que propõe o professor da Universidade Mackenzie Sérgio Martinelli em livro que relembra, por meio de depoimentos, o dia-a-dia dos antigos estúdios e analisa sua presença e derrocada na trajetória da filmografia brasileira. Lançado hoje na Cinemateca Brasileira, "Vera Cruz - Imagens e História do Cinema Brasileiro" é parte de um extenso projeto, iniciado há mais de cinco anos, que abrange ainda um CD-ROM (já lançado), uma exposição (ocorrida no ano passado) e a futura restauração do arquivo iconográfico e das películas. Martinelli explica que a importância da companhia ficou obscurecida pelas críticas que sofreu do nascente cinema novo: "A Vera Cruz ficou como algo hollywoodiano, oposta à concepção do cinema novo de produção autoral. Há uma névoa sobre o que a Vera Cruz representou, o que tento esclarecer com o livro". Fotos dos sets de filmagem e imagens e cartazes das produções da época entremeiam relatos do ator Renato Consorte e do produtor Galileu Garcia, entre outros, e ensaios como os do professor da USP Carlos Augusto Calil. Fundada pelo empresário italiano Franco Zampari, em 1949, na cidade de São Bernardo do Campo, a Vera Cruz estava ligada à idéia de desenvolver uma indústria cinematográfica brasileira, com presença no mercado nacional e no exterior. Para isso, Zampari investiu pesadamente para contratar profissionais vindos da Europa e ofereceu altos salários para estrelas brasileiras vindas do Teatro Brasileiro de Comédia (TBC). No entanto, problemas administrativos a levaram à bancarrota em 1954. A empresa voltou a funcionar no final da década de 60 e encerrou atividades como produtora em 1976. A companhia existe hoje apenas como distribuidora, de propriedade da família do cineasta Walter Hugo Khouri, que detém os direitos sobre o nome Vera Cruz. O terreno dos antigos estúdios, controlado pela prefeitura de São Bernardo do Campo, ainda abriga filmagens, como a de cenas internas de "Carandiru", a ser lançado na semana que vem. De amanhã a domingo, na Cinemateca, ocorre um ciclo com algumas das obras mais significativas da companhia, como "O Cangaceiro" e "Sai da Frente". VERA CRUZ - IMAGENS E HISTÓRIA DO CINEMA BRASILEIRO. Organização: Sérgio Martinelli. Editora: ABooks. Preço: R$ 85 (198 págs., formato 28 x 28 cm). Lançamento hoje na Cinemateca Brasileira (lgo. Sen. Raul Cardoso, 207, Vila Clementino, tel. 5084-2177), às 20h. Patrocínio: Qualix Serviços Ambientais Índice |
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