São Paulo, segunda-feira, 02 de abril de 2007

Próximo Texto | Índice

Casa de Ema Klabin vira museu

Entre as 1.500 obras do espaço que será aberto amanhã, há trabalhos de Frans Post e Chagall

Tapeçarias flamengas, esculturas japonesas e anjos barrocos italianos também estão expostos; jardins têm assinatura de Burle Marx

Danilo Verpa/Folha Imagem
Salão da casa de Ema Klabin, na zona oeste de SP, que poderá ser visitada a partir desta terça


MARIO GIOIA
DA REPORTAGEM LOCAL

Um novo museu é aberto amanhã em São Paulo, com acervo de 1.500 obras e preciosidades como telas raras de Chagall e Frans Post e objetos de prataria e tapeçaria.
A Fundação Cultural Ema Gordon Klabin, encravada no Jardim Europa, começa a sua visitação pública mediante agendamento. A residência de 900 m2 onde viveu Ema (1907-1994) desde 1960, de autoria do engenheiro-arquiteto Alfredo Ernesto Becker, é um dos poucos museus-casa de colecionador no Brasil.
"Há outros exemplos, como os museus Castro Maya, no Rio, a Fundação Maria Luiza e Oscar Americano, em São Paulo, e o Museu Carlos Costa Pinto, em Salvador. Mas eles não têm uma ambientação tão intacta e seus acervos mudaram ao longo dos anos", afirma o curador da fundação, o arquiteto Paulo de Freitas Costa.
A casa é montada a partir de uma galeria central -o que revela, desde o início, o desejo da dona de exibir sua coleção, diz o curador- e é circundada por jardins desenhados originalmente por Burle Marx. O terreno tem, no total, 4.000 m2 e fica na rua Portugal, próximo ao MIS (Museu da Imagem e do Som) e ao MuBE (Museu Brasileiro da Escultura).
A visita guiada começa pela antiga entrada da residência, onde se destacam um conjunto de tapeçarias flamengas, duas arcas (uma portuguesa e uma italiana) e dois anjos barrocos italianos do século 18.
Na galeria central, surgem algumas das preciosidades da coleção, como um conjunto de três esculturas japonesas do século 12, do período Kamamura, em madeira policromada. Junto delas, fica um biombo do século 19.
Espalhadas pelos cômodos, há várias pinturas da escola holandesa de autores diversos do século 17. Próximo a uma série delas, na galeria central, há um grande móvel francês de carvalho, onde estátuas e relevos religiosos são expostos. O destaque é "Coroação da Virgem", alabastro de antiga igreja em Nottingham, Inglaterra, originário do século 15.
"Após a Reforma Anglicana, esses objetos tornaram-se muito raros. Há poucos exemplares similares no mundo", diz Costa.
Na galeria, há telas de grande valor. Segundo o curador, "Vista de Olinda" (1650), de Frans Post, é um dos destaques. "É uma pintura feita sobre o Brasil quando Post já retornara à Holanda. Além disso, fez parte de uma leva de presentes dados por Maurício de Nassau ao rei Luís 14. A tela participou de mostra recente no Louvre", conta o curador.
No mesmo espaço, há a tela preferida de Ema, segundo Costa: "Retrato de Dama como Diana Caçadora" (década de 1760), de Pompeo Batoni. "Ela gostava tanto da pintura que, ao ser retratada, pediu para que alguns elementos do quadro fossem parecidos, como a presença de um cachorro."
Pelo restante da casa, espalham-se obras de artistas renomados, como Jean-Baptiste Greuze, Claude Lorrain, Rembrandt, Chagall e Soutine, entre vários outros.

ACERVO DA FUNDAÇÃO CULTURAL EMA GORDON KLABIN
Quando:
ter., qui. e sex., das 14h às 18h; visitas apenas mediante agendamento no tel. 3062-5245 ou no e-mail agendamento@fcegk.org.br
Onde: Fundação (r. Portugal, 43, Jd. Europa, tel. 3062-5245)
Quanto: R$ 10


Próximo Texto: Irmã de Ema, Eva dá nome a Fundação no RJ
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.