São Paulo, domingo, 02 de maio de 2004

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ERUDITO

Integral das sinfonias do compositor é apresentada, no Teatro Municipal, com regência de Ira Levin e Paul Freeman

OSM mergulha nas "sutilezas" de Brahms

JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL

A Orquestra Sinfônica Municipal inicia hoje um empreendimento corajoso, com o ciclo integral das sinfonias, aberturas, peças sinfônicas e concertos para solistas do compositor alemão Johannes Brahms (1833-1897).
Brahms é personagem singular da maturidade do romantismo alemão. Sua música é profunda, bem-escrita e de um melodismo de extrema beleza.
O ciclo terá a regência de Ira Levin e do norte-americano Paul Freeman. Hoje, às 17h, teremos a "Sinfonia nš 1" e o "Concerto Duplo", para violino e violoncelo, com Pablo de Leon e Wilson Sampaio. Amanhã, às 21h, será a vez da "Sinfonia nš 4" -superlativa obra-prima do romantismo- e do "Concerto para Violino e Orquestra", que terá como solista Cláudio Cruz, spalla da Osesp.
Eis a entrevista com Ira Levin.

 

Folha - Como surgiu o projeto do ciclo Brahms?
Ira Levin -
Desde que assumi a direção musical do teatro, amadureci a idéia de fazer ciclos de compositores. Já estamos fazendo, de maneira dispersa, as integrais das sinfonias de Mahler e de Beethoven.

Folha - Qual o critério para a escolha dos solistas?
Levin -
A idéia era trazer solistas brasileiros. Para este domingo teremos Pablo de Leon (violino) e Wilson Sampaio (violoncelo). Na segunda-feira será a vez de Cláudio Cruz (violino). Os pianistas serão Caio Pagano e eu próprio.

Folha - Serão então as quatro sinfonias, os dois concertos para piano, o "Concerto para Violino" e o "Concerto Duplo"?
Levin -
E mais ainda as duas aberturas. Ficam faltando as "Variações sobre um Tema de Haydn", que faremos em julho. As duas serenatas serão feitas no ano que vem.

Folha - Como é lidar com Brahms?
Levin -
Estamos ensaiando como "dementes". Brahms é um compositor dificílimo, mesmo fisicamente. Pede muito do ponto de vista técnico e intelectual. Os músicos de um modo geral acreditam que "conhecem" Brahms. Mas não é o caso.

Folha - Por quê?
Levin -
Brahms foi muito detalhista na forma de escrever. Ele determinou certas dinâmicas que nem sempre são obedecidas. Se ele indica um "crescendo" ao longo de oito compassos, por exemplo, muitos interpretam os compassos anteriores e posteriores como "forte". É preciso mergulhar nessas sutilezas.

Folha - A OSM estava capacitada há dois anos a fazer esse ciclo?
Levin -
A resposta seria: não, em absoluto. Mas a orquestra tem feito progressos sensíveis. Melhorou bastante de nível.


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