"Gardênia" se concentra em casal protagonista

Lenise Pinheiro/Folha Imagem

Os atores Luís Mármora e Cybele Jácome em "Gardênia"

LUCAS NEVES
DA REPORTAGEM LOCAL

No romance "O Amor nos Tempos do Cólera", Gabriel García Márquez submete Fermina Daza e Florentino Ariza a uma espera de 50 anos para poderem consumar seu amor. Em torno deles orbitam personagens como Juvenal Urbino, o médico com quem a jovem se casará e terá filhos, além da mãe e das incontáveis amantes de um aflito Ariza.
Em cartaz no Sesc Consolação, "Gardênia", adaptação da história para o teatro, dispensa os coadjuvantes que se interpõem entre o casal -apenas aludidos em projeções ou falas- para se concentrar na cronologia do romance. As jogadas do destino que aproximam e afastam o par durante meio século encontram paralelo na dramaturgia, ela própria um ir-e-vir entre diferentes formatos.
Na fase inicial, de flertes e bilhetinhos apaixonados, Florentino (Luís Mármora) narra o que corre pelos pensamentos de Fermina (Cybele Jácome), e vice-versa. Nos anos de separação, os personagens contam suas próprias intrigas. Por fim, à hora do reencontro, o texto assume a forma dramática por excelência: o diálogo.
A peça é resultado de um processo de um ano e meio que começou por obra dos atores. A dramaturga Ana Roxo esboçou cenas a partir de improvisações dos dois, orientadas pelo diretor Marat Descartes.
"É uma insanidade adaptar García Márquez, por isso é divertido. No começo, precisamos desmistificar o texto. É quase arrogante o que vou dizer, mas, como dramaturga, tive de encará-lo de igual para igual, subir na perna-de-pau", afirma Roxo.