São Paulo, segunda-feira, 02 de agosto de 2004

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HISTÓRIA

Exposição no banco Real acompanha a trajetória do conde em 150 obras, entre gravuras, documentos e mapas

Nassau desembarca na avenida Paulista

Divulgação
A gravura "Deposição", de Rembrandt, presente na exposição sobre Maurício de Nassau


JANAÍNA ROCHA
FREE-LANCE PARA A FOLHA

A construção do perfil do conde alemão Maurício de Nassau, que foi o governador do Brasil de 1637 a 1644 em Pernambuco, concretiza-se por meio da mostra iconográfica "Eu, Maurício - Os Espelhos de Nassau", na praça do Banco Real, na avenida Paulista.
A exposição tem abertura hoje somente para convidados e passa a receber o público amanhã em um horário bastante flexível, das 10h às 22h, durante todos os dias da semana. E, embora o local seja privado, a entrada é gratuita.
A montagem manifesta o ponto de vista de três curadores: o da antropóloga Maria Lucia Montes, o do arquiteto José Luiz Mota Menezes e o do historiador Marcos Galindo. É a união dessas três perspectivas que perfila o personagem Nassau, um homem do século 17, criado na Holanda, país que, na época, era uma espécie de asilo universal dos livre pensadores, como René Descartes.
Assim, por meio de 150 obras, entre elas, mapas, gravuras e objetos, são apresentadas não só as ações de seu governo -como o projeto da construção da Cidade Maurícia, atual Recife-, como também o momento de estruturação do mundo moderno, com a afirmação dos valores burgueses e da ética protestante.
"Uma exposição histórica, estritamente falando, seria chatíssima: um documento atrás do outro. Por isso, a idéia dos espelhos, que são esse conjunto de facetas desse personagem: o militar, o construtor, o intelectual, o nobre, o místico, o homem das ciências, o descobridor", diz Maria Lucia Montes. "Só se compreende o indivíduo quando se entende a cultura da época dele. São essas referências, perceptíveis na exposição, que vão construir a visão de mundo de Nassau. A mostra se faz, portanto, entre a dialética de estar centrado num personagem, mas todo o tempo passando pelo contexto, que explica esse homem."


Gravuras e mapas
A maior parte das gravuras originais, cerca de 40, todas alemãs e holandesas, são de um colecionador particular, Giuseppe Baccaro, um italiano que mora em Recife. Segundo Maria Lucia Montes, a curadoria descobriu em seu acervo um conjunto de mapas que sintetiza a impressionante carreira militar de Nassau.
Essa descoberta motivou a ampliação da parte militar na exposição, que mostra uma armadura com elmo -feita em ferro, bronze e couro do século 17.
Outros destaques de "Eu, Maurício" são uma série de nove óleos inéditos no Brasil (seis deles retratam o holandês) e gravuras de Rembrandt, Van Dyke e Dürer. Há também a possibilidade de conferir os três manuscritos originais que nomeiam Nassau como governador do Brasil.
A exposição conta, por fim, com uma ala multimídia, composta por vídeos, reproduções, DVDs de obras da Alemanha e da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, entre elas, gravuras e pinturas que mostram desde uma aula de anatomia no século 17 até a imagem de Recife pelo pintor Frans Post.

EU, MAURÍCIO - OS ESPELHOS DE NASSAU
Onde: praça do banco Real (av. Paulista, 1.374, Cerqueira César, s/ tel.). Quando: hoje, abertura para convidados, às 19h30. A partir de amanhã: seg. a dom., das 10h às 22h. Quanto: entrada franca.



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