São Paulo, terça-feira, 03 de maio de 2011

Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Andreato revisita Édipo após 30 anos

Intérprete que protagonizou montagem aos 25 retorna ao texto como diretor em busca de conexão com o público

Espetáculo, que estreia hoje em São Paulo, opta pela simplicidade cênica e resume coro a um personagem

Lenise Pinheiro/Folhapress
Tania Bondezan e Eucir de Souza em cena de "Édipo", em cartaz no teatro Eva Herz

DE SÃO PAULO

Quase 30 anos após viver Édipo nos palcos, Elias Andreato revisita o clássico de Sófocles. "Édipo" começa temporada hoje depois de estrear no Festival de Curitiba.
Desta vez, Andreato é ator e diretor, servindo-se da maturidade acumulada em três décadas de palco e vida. Segundo conta, quando se aventurou pela obra pela primeira vez, aos 25 anos, tinha a prepotência do personagem, mas lhe faltava sensibilidade como intérprete.
"Só pelo conhecimento podemos nos transformar e saber o que se passa em nossa alma. Tudo é efêmero. A soberba cega. O poder gera tiranos prepotentes", afirma.
A via crucis de Édipo o leva a matar o rei Laio -sem saber que era seu pai- e a se casar com Jocasta -sem saber que era a sua mãe-, cumprindo o que havia sido determinado pelo oráculo de Delfos.
Na trajetória, o herói troca poder por impotência, ignorância por conhecimento e prepotência por humildade. Responsável pela adaptação, o diretor reconstrói a história com foco no poder de comunicação do clássico. Diminui o papel do coro, resumido em um personagem.
Busca a conexão direta com o público, optando pela simplicidade cênica. Despe o palco de ornamentos, com exceção de um carpete redondo. O círculo simboliza a ordem natural da vida, da qual nenhum indivíduo consegue escapar.
Obcecado em fugir do destino, Édipo sacrifica sua vida. Quanto mais se afasta de suas raízes, mais acelera o desfecho trágico.
A atualidade do texto não impressiona apenas pelo conteúdo, mas por sua linguagem. Toda a tragédia acontece fora do palco.
O espectador cria mentalmente suas próprias cenas enquanto são contadas pelos personagens. "Édipo" abre espaço para o imaginário.
Representada pela primeira vez por volta de 425 a.C., a obra-prima de Sófocles é um dos textos que fundamentam o teatro e a formação da sociedade. É a partir de "Édipo Rei" que o homem começa a questionar o divino e o teatro passa a ter papel formador.
Eucir de Souza, que interpreta o herói, é prova da força transformadora da obra, ainda latente. "Depois de fazer Édipo, me perdoei. Ninguém é pior do que ele." (GABRIELA MELLÃO)

ÉDIPO

QUANDO ter., às 21h; até 21/6
ONDE teatro Eva Herz (av. Paulista, 2.073; tel. 3170-4059
QUANTO R$ 40
CLASSIFICAÇÃO 14 anos


Próximo Texto: Música erudita: Antonio Meneses inaugura hoje ciclo de concertos
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.