São Paulo, sábado, 03 de julho de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Parlapatões faz city tour teatral pelo pior de São Paulo

Numa mistura de intervenção artística e política, grupo leva público por passeio de ônibus cheio de improvisos

Espetáculo tem piadas de guia, atendentes servindo café frio e motorista que erra caminho do percurso

Lenise Pinheiro/Folhapress
Os atores Raul Barreto,Dani Mustafci e Hélio Pottes, de "O Pior de São Paulo"

MARCOS GRINSPUM FERRAZ
DE SÃO PAULO

Quem quiser conhecer melhor (ou pior) São Paulo pode pegar um ônibus da "Parlapatour" para um city tour teatral atípico pela cidade.
Com direito a guia turístico "engraçadinho", atendentes servindo café frio e motorista que erra o caminho, "O Pior de São Paulo", da companhia de teatro Parlapatões, é uma mistura de sátira de passeios turísticos e intervenção artística e política na cidade.
As performances acontecem dentro do próprio ônibus ou em paradas nas ruas e misturam textos preparados e improvisação.
A ideia veio da Espanha, onde o bufão Leo Bassi organizou um tour pelo pior de Madri. Se lá deu certo, não havia motivos para dar errado por aqui, já que, no que tem de pior, "São Paulo ganha de longe [da cidade espanhola]", afirma, rindo, o diretor Hugo Possolo.
Assim, os Parlapatões chegam à segunda edição deste "passeio-espetáculo", após a curta e bem-sucedida temporada de 2007.
Mas, além de brincar com estereótipos, o mais interessante, segundo Possolo, é fugir do óbvio, ou seja, das críticas comuns ao trânsito, à violência e à poluição -o que é facilmente identificável.
"Buscamos saídas criativas, como olhar para os lugares glamourizados, que aparentemente criam encantamento, e mostrar o que eles têm de pior."
Na última edição, para dar luz às relações de exclusão social, por exemplo, os atores ensinaram a fazer "churrasquinho de gato" na rua Amauri, famosa por abrigar alguns dos restaurantes mais caros da cidade. A cena deve se repetir neste ano.
As situações vividas devem ironizar também os shoppings centers, estacionamentos e o suposto "glamour" da rua Oscar Freire.
Ainda assim, diz Possolo, "é uma ação artístico-política que no fundo traduz uma enorme paixão pela nossa cidade. A gente sai em defesa dela, vendo como podia ser melhor", conclui.

"PÂNICO" E "CQC"
Em tempos de programas de TV que também propõem um humor de interferência e provocativo, Possolo ressalta que, apesar de semelhanças, a intervenção do grupo é muito diferente, até pelos fortes traços teatrais.
"A gente não tem o poder da indústria da comunicação nem esse guarda-costas que é a camêra. E temos o público interagindo o tempo todo."


O PIOR DE SÃO PAULO

QUANDO saídas sáb. e dom., às 16h e às 16h10; até 11/7
ONDE saída do Espaço Parlapatões (pça. Franklin Roosevelt, 158, tel. 0/xx/11/3258-4449)
QUANTO R$ 15
CLASSIFICAÇÃO 14 anos



Texto Anterior: Vida de Isadora Duncan inspira montagem teatral
Próximo Texto: Frases
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.