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São Paulo, quarta-feira, 03 de setembro de 2003

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No auge da carreira, o Coldplay chega hoje a SP para estender seus domínios no planeta pop

Nova frente fria chega à cidade

COLUNISTA DA FOLHA

Seis mil pessoas desembolsaram R$ 100 para receber em troca hoje, no Via Funchal, um dos shows de rock mais concorridos do planeta: o da banda inglesa Coldplay, do ano passado para cá o mais novo supergrupo do pop, com apenas dois discos lançados.
O figura Chris Martin, sua namorada (Gwyneth Paltrow, atriz hollywoodiana) e seus companheiros aterrissam hoje mesmo em SP e à noite fazem o primeiro dos dois shows brasileiros - tocam amanhã no Rio-, quase fechando a bem-sucedida turnê do álbum "A Rush of Blood to the Head", disco de 2002 que conferiu tais superpoderes ao quarteto.
A larga quantidade de ingressos colocados à venda e a rapidez com que se esgotaram dias antes da data do show justificam a fama veloz conquistada pelo grupo desde que a delicada canção "Yellow" conquistou corações em 2000. Justificam também os 70 mil exemplares que "A Rush of Blood to the Head" vendeu aqui, marca a ser comemorada pela EMI.
De sub-Radiohead no primeiro CD, "Parachutes", a banda se transformou logo no Echo & The Bunnymen dos anos 00, com "Rush". Saiu da esquisitice pop e tomou o caminho do lirismo e da classe dentro do falido britpop, que só não sumiu de vez muito por causa do Coldplay.
No trajeto 2000-2003 a banda ganhou extrema personalidade. Suas músicas são ricas e frequentam de anúncios publicitários na Inglaterra a novelas no Brasil.
Coldplay é "cool" até para a música eletrônica. Poucas músicas no rock como a lindíssima "Clocks" ganharam tantos remixes para as pistas. Existe "Clocks" techno, "Clocks" lounge, "Clocks" house, drum'n'bass...
O Coldplay é idolatrado na Inglaterra e realizou uma façanha, com dois discos, que o popularíssimo Oasis não conseguiu com seis: boa aceitação nos EUA.
"Rush" recentemente voltou ao Top 20 da "Billboard" 40 semanas depois de seu lançamento. Há pouco mais de três meses, o Coldplay esgotou os ingressos para duas noites no famoso Hollywood Bowl, em Los Angeles, de capacidade para 18 mil pessoas.
Ingressos de US$ 33,5 (praticamente os mesmos R$ 100 do bilhete de SP) eram vistos a US$ 800 (R$ 2,4 mil) na mão de cambistas.
A "invasão americana" foi consolidada de vez na semana passada, quando "The Scientist" (de "Rush") arrebatou três prêmios no VMA, a cerimônia máxima do videoclipe da MTV americana.
O Brasil não precisa se assustar ao receber uma banda de rock em pleno auge, como o Coldplay. Não haverá arruaças, hotel destruído e outras coisas típicas de "roqueiros".
Chris Martin é tão bom moço que é até zombado na Inglaterra. Sua preocupação demasiada com a situação de miséria nos países pobres e com as borboletas verdes em extinção na floresta de Nottingham lhe conferiu a fama de mala.
Tanto que a Inglaterra viu com surpresa um Martin enfurecido quebrando o carro de um fotógrafo que tirou fotos suas surfando em uma praia na Austrália, em agosto.
Era, enfim, uma atitude rock'n'roll.
(LÚCIO RIBEIRO)

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