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No auge da carreira, o Coldplay chega hoje a SP para estender seus domínios no planeta pop
Nova frente fria chega à cidade
COLUNISTA DA FOLHA
Seis mil pessoas desembolsaram R$ 100 para receber em troca
hoje, no Via Funchal, um dos
shows de rock mais concorridos
do planeta: o da banda inglesa
Coldplay, do ano passado para cá
o mais novo supergrupo do pop,
com apenas dois discos lançados.
O figura Chris Martin, sua namorada (Gwyneth Paltrow, atriz
hollywoodiana) e seus companheiros aterrissam hoje mesmo
em SP e à noite fazem o primeiro
dos dois shows brasileiros - tocam amanhã no Rio-, quase fechando a bem-sucedida turnê do
álbum "A Rush of Blood to the
Head", disco de 2002 que conferiu
tais superpoderes ao quarteto.
A larga quantidade de ingressos
colocados à venda e a rapidez
com que se esgotaram dias antes
da data do show justificam a fama
veloz conquistada pelo grupo desde que a delicada canção "Yellow"
conquistou corações em 2000.
Justificam também os 70 mil
exemplares que "A Rush of Blood
to the Head" vendeu aqui, marca
a ser comemorada pela EMI.
De sub-Radiohead no primeiro
CD, "Parachutes", a banda se
transformou logo no Echo & The
Bunnymen dos anos 00, com
"Rush". Saiu da esquisitice pop e
tomou o caminho do lirismo e da
classe dentro do falido britpop,
que só não sumiu de vez muito
por causa do Coldplay.
No trajeto 2000-2003 a banda
ganhou extrema personalidade.
Suas músicas são ricas e frequentam de anúncios publicitários na
Inglaterra a novelas no Brasil.
Coldplay é "cool" até para a música eletrônica. Poucas músicas
no rock como a lindíssima
"Clocks" ganharam tantos remixes para as pistas. Existe "Clocks"
techno, "Clocks" lounge,
"Clocks" house, drum'n'bass...
O Coldplay é idolatrado na Inglaterra e realizou uma façanha,
com dois discos, que o popularíssimo Oasis não conseguiu com
seis: boa aceitação nos EUA.
"Rush" recentemente voltou ao
Top 20 da "Billboard" 40 semanas
depois de seu lançamento. Há
pouco mais de três meses, o Coldplay esgotou os ingressos para
duas noites no famoso Hollywood Bowl, em Los Angeles, de
capacidade para 18 mil pessoas.
Ingressos de US$ 33,5 (praticamente os mesmos R$ 100 do bilhete de SP) eram vistos a US$ 800
(R$ 2,4 mil) na mão de cambistas.
A "invasão americana" foi consolidada de vez na semana passada, quando "The Scientist" (de
"Rush") arrebatou três prêmios
no VMA, a cerimônia máxima do
videoclipe da MTV americana.
O Brasil não precisa se assustar
ao receber uma banda de rock em
pleno auge, como o Coldplay.
Não haverá arruaças, hotel destruído e outras coisas típicas de
"roqueiros".
Chris Martin é tão bom moço
que é até zombado na Inglaterra.
Sua preocupação demasiada com
a situação de miséria nos países
pobres e com as borboletas verdes
em extinção na floresta de Nottingham lhe conferiu a fama de mala.
Tanto que a Inglaterra viu com
surpresa um Martin enfurecido
quebrando o carro de um fotógrafo que tirou fotos suas surfando
em uma praia na Austrália, em
agosto.
Era, enfim, uma atitude
rock'n'roll.
(LÚCIO RIBEIRO)
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