São Paulo, sábado, 03 de outubro de 2009 |
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Crítica/"Quanto Dura o Amor?" Boas ideias de longa se perdem no caminho
ANA PAULA SOUSA DA REPORTAGEM LOCAL Roberto Moreira, ao estrear no longa-metragem, apontou a câmera para o "outro", o diferente. Foi à periferia de São Paulo e fez "Contra Todos" (2003), um filme regido pelo mal-estar, pela claustrofobia. Agora, em "Quanto Dura o Amor?", seu segundo trabalho, o cineasta pôs no centro do quadro o edifício Anchieta, de contornos modernistas, erguido na esquina da avenida Paulista com a rua da Consolação. Foi para um amplo terraço e mirou a classe média, o cult e o underground paulistanos. Ao aproximar-se dos "iguais", o diretor, que é professor no curso superior de audiovisual da Universidade de São Paulo, tornou mais generoso e afetivo seu olhar. Mas manteve, do primeiro filme, a inclinação a construir personagens que, após o término da sessão, tendem a diluir-se na nossa memória, a restar apenas como "tipos", e não como pessoas. Em "Quanto Dura o Amor?", quem está no núcleo das histórias entrecruzadas é uma aspirante a atriz (interpretada por Silvia Lourenço) que, ao chegar a São Paulo, fica deslumbrada com a luz, a velocidade e com uma cantora indomável (vivida por Danni Carlos). As outras duas relações destinadas a responder à pergunta do título são protagonizadas por uma transexual (Maria Clara Spinelli) e um advogado (Gustavo Machado), e por uma garota de programa (Leilah Moreno) e um escritor de um livro só (Fábio Herford). Momentos epifânicos A unir cada uma dessas figuras, defendidas por um elenco afiado, está São Paulo, cidade de todas as possibilidades e impossibilidades, belamente fotografada por Marcelo Trotta. Moreira, ao revisitar o tema da solidão coletiva nas grandes metrópoles, recorrente no cinema contemporâneo, encontra momentos epifânicos -como a leitura de um trecho de "Tio Vania", de Tchecov, ou a cena final, com o cigarro partilhado no alto do edifício. Mas, no todo, parece deixar as boas ideias pelo meio do caminho. É mais ou menos como os amores desenhados no filme: seja pela ousadia, seja pela falta dela, não chegam a cumprir o curso que parecia ser seu. Avaliação: regular Texto Anterior: Artes plásticas: Panorama começa hoje no MAM-SP Índice |
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