São Paulo, segunda-feira, 03 de dezembro de 2007

Próximo Texto | Índice

Crítica/ "A Coragem de Amar"

Lelouch volta ao romance sem medo

Em "A Coragem de Amar", diretor francês utiliza recursos de câmera e montagem para exacerbar temas amorosos

Divulgação
A atriz Arielle Dombasle, que está no elenco do longa de Claude Lelouch, em cartaz na cidade


SÉRGIO RIZZO
CRÍTICO DA FOLHA

O romantismo jamais saiu de moda para o francês Claude Lelouch, homenageado pela recente Mostra Internacional de São Paulo. De "Um Homem, Uma Mulher" (1966), seu primeiro sucesso, até "Crimes de Autor" (2007), em cartaz na cidade, o verbo amar é conjugado com a fé de quem acredita firmemente em sua importância para a vida e para o cinema.
Em "A Coragem de Amar" (2005), as duas idéias se combinam mais uma vez. Não se trata apenas de sublinhar que o amor (ou a busca) move seus personagens, mas de impregnar a própria construção do filme de desavergonhada exacerbação que se manifesta no uso de câmera e montagem, bem como no trabalho com os atores. Se o sentimento é inebriante, que a narrativa também o seja.
"A felicidade é melhor do que a vida", diz uma das canções do filme. Ela é interpretada por um casal de cantores de rua (Maïwenn Le Besco e Massimo Ranieri) que tem a oportunidade de deslanchar. O sonho de sucesso, entretanto, traz embutido o pesadelo da solidão, e lá vem sofrimento.
Outros personagens integram-se ao carrossel de Lelouch, como o dono de uma cadeia de pizzarias (Michel Leeb), uma atriz (Arielle Dombasle), uma de suas empregadas e a irmã gêmea desta (feitas por Mathilde Seigner), e alguém que talvez seja Deus (Ticky Holgado). A brasileira Cristiana Reali faz a vendedora de uma loja de jóias, em participação que se explica pela fusão de histórias da qual nasceu o filme.
Em 2004, o cineasta lançou "Os Parisienses", anunciado como a primeira parte de "A Espécie Humana". Ao filmar a segunda, diz ter descoberto que havia ali um único longa, e aproveitou material dos dois para montar "A Coragem de Amar". Lelouch também participa da trama, no papel de um cineasta que faz um filme sobre a trajetória dos cantores.
Música e lágrimas, de dor e felicidade, com mais de um casamento ao final: a coragem, aqui, é a de falar disso tudo, e desse jeito, hoje. E sempre, diria Lelouch.


A CORAGEM DE AMAR
Direção:
Claude Lelouch
Produção: França, 2005
Com: Mathilde Seigner, Maïwenn Le Besco e Massimo Ranieri
Avaliação: bom


Próximo Texto: Crítica/ "Eu e as Mulheres": Filho de Kasdan perde-se em imagens de telefilmes familiares dos anos 80
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.