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São Paulo, terça-feira, 04 de março de 2003

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ARTES

Síntese de única imagem parece impossível

Tuca Vieira/Folha Imagem
Exposição de obras de arte da China 'Os Guerreiros de Xi'an e os Tesouros da Cidade Proibida', que se divide em três partes, no pavilhão da Oca, no parque Ibirapuera


FELIPE CHAIMOVICH
CRÍTICO DA FOLHA

A China é uma idéia abstrata. Ao percorrermos o vasto museu arqueológico em que se transformou a Oca do Ibirapuera, a síntese de uma única imagem parece impossível. Confrontamos de uma vez 7.000 anos de cultura material, produzida dentro de fronteiras que avançam e retrocedem, unificam-se e estilhaçam-se.
A mostra se divide em três grupos. O térreo apresenta coleções diversas, como armas, telhas e objetos funerários. Os dois andares superiores agrupam "Tesouros da Cidade Proibida": apetrechos vários da vida na corte durante a última dinastia, reinante entre 1644 e 1911. No subsolo estão as 12 esculturas dos guerreiros de XiAn de 221 a.C.
A ancestralidade é reverenciada desde o início. A exposição é aberta com exemplares do Neolítico produzidos antes das primeiras dinastias.
Yangshao é a mais antiga das culturas representadas. Data de 5000 a 3000 a.C., e dela veio uma bacia de cerâmica com pinturas de pássaro. Do mesmo berço surgiram os primeiros registros de escrita chinesa e os mais antigos instrumentos musicais.
Segue-se miríade de vitrines com incontáveis coleções. O térreo é subdividido em gabinetes de maravilhas, com uma museologia cuidadosa que abriga desde fileiras de conchinhas usadas como moeda (110-771 a.C.) até uma faca retangular de jade Longsham (3300-2000 a.C.).
Subindo as rampas, ascendemos ao ambiente palaciano da Cidade Proibida. No topo do edifício, vemos uma remontagem do trono imperial da época Qianlong (1736-1795), cercado de animais míticos: unicórnio, garça, elefante. A seleção, que se estende por dois pisos, mistura um biombo circular de mesa de jades branco e verde com um rolo quilométrico de pintura sobre seda que retrata a viagem do imperador Kangxi ao sul da China.
Descendo ao subsolo, encontramos 12 figuras de Xi'An. Integram um conjunto de milhares de guerreiros, cavalos e carroças, produzidos para um túmulo satélite do Imperador Qin Shi, cujo complexo mausoléu empregou 700 mil durante os 38 anos de sua construção.
As terracotas em tamanho natural enviadas ao Brasil são do século 3º a.C., exemplificando a variedade de poses e copiosidade de patentes representadas no exército fantasma.
A China propõe imagem sólida. O presente pós-dinástico afirma a continuidade de uma cultura dinâmica ao valorizar as ciências do passado.

China: Os Guerreiros de Xi'An e os Tesouros da Cidade Proibida
    
Onde: pavilhão da Oca (av. Pedro Álvares Cabral, s/nº, portão 2, parque Ibirapuera, tel. 3253-7007)
Quando: de terça a sexta, das 9h às 21h; sábados e domingos das 10h às 21h. Até 18/5
Quanto: R$ 7 (R$ 3,50 para estudantes e grátis para menores de 6 anos, maiores de 65 anos e portadores de deficiência física). Durante o Carnaval os ingressos serão vendidos a R$ 1
Organização: BrasilConnects
Patrocinadores: Banco Santos, Janssen-Cilag Farmacêutica, Stefanini, Valor Econômico e Liderança Capitalização



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