Divulgação

A flautista Léa Freire, que toca hoje com a tecladista Lis de Carvalho

CARLOS BOZZO JUNIOR
especial para a Folha

Duas tendências musicais se cruzam, em show, hoje, às 18h30, no pátio interno do Centro Cultural São Paulo.
O encontro, que deve culminar na gravação de um CD, reúne o lado lírico-moderno da flautista Léa Freire com a vanguarda experimentalista de Lis de Carvalho, ao teclado.
Freire, 42, paulistana, compositora e arranjadora, estudou piano erudito dos 7 aos 17.
"Vivendo nesse meio da música clássica, ganhei alguns prêmios, mas aquilo tudo era muito chato", disse a musicista, que preferiu enveredar pelo caminho do popular, dedicando-se ao jazz, bossa nova e rock.

Berklee
Em 78, seu excesso de talento fez com que cursasse a Berklee College of Music, em Boston, por apenas um mês.
"Queria estudar arranjos e participar de "ensemble" (encontros promovidos pela escola, nos quais músicos do mesmo nível tocam juntos), mas fui convencida, pelo professor de "ear training" (percepção visual), a deixar a escola, ir a Nova York e começar a tocar", afirmou a compositora.
Lá, gravou e tocou com vários músicos até voltar ao Brasil e participar do Free Jazz.
"Não sei se foi o primeiro ou o segundo, mas eu era a única mulher do evento", disse a flautista, que já tocou com Nelson Ayres, Nana Caymmi, Elton Medeiros e Nico Assumpção, entre outros.

A tecladista
Compositora e arranjadora, a pianista e tecladista Lis de Carvalho também apresenta sólida formação musical.
Dos 8 aos 17, estudou piano clássico: aprendeu teoria musical com Cláudio Stephan; harmonia, jazz e improvisação com Hilton Valente (Gogô); composição com o maestro H.J. Koellroeuter; percepção com Ricardo Brein; e arranjo e orquestração com o maestro Cláudio Leal Ferreira.
Professora e coordenadora da área de piano, harmonia e improvisação da ULM (Universidade Livre de Música), Castro, além de ser concertista clássica, já tocou com Raul de Souza, Boccato, Duda Neves e a cantora Vânia Bastos, entre vários artistas.
No show, composições de ambas formam um repertório de 15 músicas. De Lis de Carvalho serão executadas "Enigma", "Da Luiza", "Balada prá Tereza", "Labirinto", "Invernal" e "De Noite"; e de Léa Freire, "Lea's Groove", "Esquisita", "Maré", "Doença", "Piedade", "Pixinga na Banda", "Isabela", "Família" e "Chiquinha".

"Jazz One"
Finalizando seu segundo CD, gravado em Nova York com o saxofonista Teco Cardoso -o primeiro foi "Ninhal", de 97-, Freire apresentou-se, com as duas sessões lotadas, em outubro, na casa de show Blue Note, considerada um dos templos do jazz.
Nessa ocasião, concedeu uma entrevista para o primeiro número de uma nova revista de jazz norte-americana, a "Jazz One", que rendeu seis páginas sobre a música instrumental brasileira.
"Pensei que fosse uma entrevista para uma revistinha de bairro. Tomei um susto quando vi o que é", disse a flautista.
A revista, embora datada de abril, já está disponível em algumas bancas de jornal de São Paulo, trazendo, na capa, o saxofonista tenor norte-americano Sonny Rollins, além de críticas e de várias partituras transcritas de solos de jazz.
Entre eles, o do saxofonista Cannonball Adderley e do trompetista Blue Mitchell, no tema "Nardis", de Miles Davis, gravado por ambos, em 58, no disco "Portrait of a Cannonball".
Consta ainda, na revista, que apesar de Davis ter sido o autor de "Nardis", nunca chegou nem sequer a gravá-la ou executá-la.

Show: Léa Freire e Lis de Carvalho
Quando: hoje, às 18h30
Onde: Centro Cultural São Paulo (r. Vergueiro, 1.000, Paraíso, tel. 277-3611)
Quanto: entrada gratuita

Próximo Texto: Show: Capital Inicial leva novo CD ao palco
Índice