São Paulo, quinta-feira, 04 de julho de 2002

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FOTOGRAFIA

Modernos em desfile

Divulgação
Fotografia de Edouard Fraipont



MAM abre mostra e lança livro com acervo de imagens de enfoque contemporâneo, que cobre o período da década de 40 até 2000


EDER CHIODETTO
EDITOR DE FOTOGRAFIA

"Mas isso é fotografia?", questionaram os curadores diante de algumas obras durante a seleção das cem imagens que compõem a mostra e das 150 que estão no livro "Coleção de Fotografia do Museu de Arte Moderna de São Paulo", que serão apresentados hoje, a partir das 19h, no parque Ibirapuera.
De fato, não é muito fácil delimitar o território da fotografia contemporânea, que forma a maior parte das 600 obras do acervo do MAM-SP. Utilizada por alguns artistas como um meio que conduz a modalidades artísticas que se aproximam da gravura, como nos casos de Rafael Assef e Dora Longo Bahia, ou da pintura, como na série vermelha de Rosângela Rennó, a fotografia, e seus limites, é um bom motivo para ver a exposição e adquirir o livro.
Essa "nova fotografia", assim batizada pelo ex-curador-chefe do MAM Tadeu Chiarelli, que entre 1996 e 2000 transformou a então incipiente coleção do museu no mais representativo acervo da fotografia contemporânea brasileira, tem por mérito apontar novos talentos com carreira ainda em formação.
Nesse grupo de novíssimos encontram-se, por exemplo, Edouard Fraipont, Márcia Xavier, Odires Mlászho e Amilcar Packer. Esse último teve trabalhos adquiridos recentemente por Ivo Mesquita, que divide a curadoria da mostra com Margarida Sant'anna e era, até pouco tempo, o diretor técnico do museu.
Mesmo quando retarda no tempo, com obras da década de 40, a exposição aponta para o futuro. É o que acontece com as belas "Fotoformas" de Geraldo de Barros (1923-1998), que bebem na fonte do concretismo, e as elaboradas composições de German Lorca, nascido em 1922, não por acaso, o ano da Semana de Arte Moderna.
Alguns ícones que firmaram suas carreiras no fotojornalismo ou na fotografia documental como Claudia Andujar e Maureen Bisilliat e outros com carreiras promissoras como André Cypriano representam uma linha evolutiva dentro da linguagem mais clássica da fotografia.
Vasculhar universo tão rico, ainda que se tratando de uma coleção em formação, para daí extrair um conceito que permita juntar as obras sob uma certa lógica, não foi das tarefas mais fáceis para os curadores. Mesquita e Sant'anna detectaram algumas conexões entre alguns artistas cujos trabalhos emanam questões como memória e identidade.
Ao lado de duas inquietantes imagens de Helena Martins-Costa, está uma imagem de Assef. Um corpo. Uma imagem que se decompõe pela ação de fungos e dá ao trabalho o aspecto de uma fotocópia ou de uma gravura. Fungos? Fotocópia? Gravura? Mas isso é fotografia?


COLEÇÃO DE FOTOGRAFIA DO MAM -
Onde: Museu de Arte Moderna de São Paulo (pq. Ibirapuera, portão 3, tel. 5549-9688). Quando: de hoje até 18 de agosto; ter., qua. e sex., das 12h às 18h; qui., das 12h às 22h; sáb., dom. e feriados, das 10h às 18h. Quanto: R$ 5. Entrada franca às terças, durante o dia todo, e às quintas, a partir das 17h. Livro: R$ 30 (Lemos Editorial, com 200 págs. e 150 imagens).




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