São Paulo, sábado, 04 de outubro de 2008

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Exposição reúne design de Visconti

Artista famoso por sua produção de pinturas ganha mostra na Pinacoteca

Visconti (1866-1944) desenhou pano de boca, teto e pinturas no foyer do Teatro Municipal do Rio e fez cartazes de publicidade

Fotos Divulgação
Reprodução fotográfica da pintura de Eliseu Viconti, feita entre 1906 e 1907, no pano de boca do Municipal do Rio, agora na Pinacoteca

SILAS MARTÍ
DA REPORTAGEM LOCAL

O cartaz que anunciava uma exposição de Eliseu Visconti (1866-1944), no Rio, em 1901, já dizia tudo. No melhor estilo art nouveau, prometia 60 pinturas e 28 trabalhos decorativos desse que, em vida, foi considerado o maior pintor do Brasil. Acontece que, ao juntar as duas vertentes, a arte maior da pintura com os adornos menores das artes aplicadas, Visconti sofreu um preconceito que a força de sua produção só conseguiu dissipar anos mais tarde.
Tão relevante quanto sua obra considerada "séria" pelos críticos, foi o que esse italiano radicado no Brasil fez com o desenho de vitrais, tapeçarias, cartazes, selos e ornamentos. São cem obras e 30 documentos dessa vertente do artista que a Pinacoteca do Estado exibe a partir de hoje.
"Visconti teve uma postura revolucionária", diz o curador da mostra e professor da PUC-Rio, Rafael Cardoso. "Ele pôs em pé de igualdade artes plásticas e decorativas, algo inédito." No plano formal, Visconti mistura os resquícios do impressionismo brasileiro com os cânones do art nouveau, que aprendeu estudando com um dos pioneiros do estilo, Eugène Grasset, em Paris.
O artista acompanhou a assimilação do arts and crafts (artes e ofícios), movimento britânico de levada socialista, que queria transformar cada operário em artesão, pelos franceses do art nouveau, que abraçaram a indústria em nome do design. Isso fica claro nos estudos que Visconti fez para o pano de boca do Teatro Municipal do Rio, além do teto e do saguão, todos expostos na Pinacoteca.
Os motivos botânicos do art nouveau aparecem em versão brasileira, com a flor de maracujá, no ex-libris que desenhou para a Biblioteca Nacional -selo que, no lugar do rosto de Atena, também ganhou a figura de uma mulher moderna. "Ele deu uma suavizada nos motivos muito clássicos", diz Cardoso. "O espírito dessa época era modernizar: ele queria traduzir toda aquela modernidade que aprendeu em Paris."


ELISEU VISCONTI
Quando: abertura hoje, às 11h; ter. a dom., 10h às 17h30; até 7/12
Onde: Pinacoteca do Estado (pça. da Luz, 2, tel. 3324-1000); livre
Quanto: R$ 4 (grátis aos sábados)


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