São Paulo, Quarta-feira, 05 de Janeiro de 2000


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FOTOGRAFIA
Memorial do Imigrante traz fotos e documentos dos japoneses de Okinawa, berço do caratê
Mostra homenageia "uchinanchus"

Reprodução
Uma das imagens que integra a mostra sobre imigrantes de Okinawa no Brasil, os "uchinanchus"


ANA MARIA GUARIGLIA
free-lance para a Folha

O Memorial do Imigrante abriga até o próximo dia 30 uma exposição de fotos e documentos dos japoneses do arquipélago de Okinawa, que chegaram ao Brasil em 16 de junho de 1908, a bordo do Kasato Maru.
Entre os 782 japoneses imigrantes, 335 eram provenientes de Okinawa, os "uchinanchus", como gostam de ser chamados.
Não demorou muito para que se adaptassem aos costumes brasileiros. Trabalharam inicialmente no campo, como se retornassem às origens de camponeses deixadas nas distantes ilhas do sul do Japão.
De acordo com Sebastião Maria de Souza, curador da mostra, os "uchinanchus" são bem diferentes dos outros japoneses, tanto na aparência física como no caráter.
"Isso ocorre em virtude de uma história milenar, com uma cultura própria, e da posição geográfica do arquipélago de Okinawa", diz.
As ilhas do arquipélago de Okinawa (ou Ryukyu, como eram conhecidas) não faziam parte do Império Japonês até o começo do século 17.
O arquipélago era um reino independente e pacífico, com laços comerciais espalhados por todo o Oriente, que sofria a influência dos povos vizinhos.
Ali também nasceu o caratê, que passou a ser um dos marcos da imagem do Japão. Essa arte marcial surgiu no século 14, como conta a história okinauana.
Um dos reis resolveu confiscar as armas dos samurais (guerreiros) e dos "ajis" (senhores feudais) para evitar confrontos internos. Foi a partir de então que se desenvolveu a arte. Okinawa também passou a ser conhecida como o "país da cortesia".

Aura de mistério
Para a maioria dos brasileiros, sempre houve uma espécie de mistério e fascínio na cultura nipônica e alguns costumes são até estranhos.
Segundo Sebastião de Souza, os costumes são exóticos, "mas não na forma depreciativa, pois são frutos de uma mistura milenar de povos, religiões e culturas".
Depois da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), os "uchinanchus" chegaram a São Paulo também como trabalhadores urbanos e comerciantes, que buscavam escapar dos graves problemas sociais e econômicos.
De abril de 1945 até maio de 1972, as ilhas de Okinawa foram dominadas pelos norte-americanos, que mantinham bases de bombardeiros estratégicos, cujo alvo era a antiga União Soviética, a China comunista e a Coréia do Norte. A Guerra Fria acabou, mas os bombardeiros B-52 continuam lá.


Exposição: Uchinanchu: Imigrantes Okinauanos em São Paulo Quando: ter. a dom., das 10h às 17h. Até 30 de janeiro Onde: Memorial do Imigrante (r. Visconde de Parnaíba, 1.316, Mooca, tel. 6692-9218) Quanto: R$ 2 e R$ 5

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