São Paulo, quinta-feira, 05 de fevereiro de 2009

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Artista usa cores vibrantes em releituras de Oiticica e concretos

Rodolpho Parigi abre hoje sua primeira individual, na galeria Nara Roesler

Divulgação
"Concrete Blonde', tela do artista paulistano Rodolpho Parigi que dá nome a mostra individual

SILAS MARTÍ
DA REPORTAGEM LOCAL

Faz doer os olhos o rosa-choque das telas e das colagens. Tanto que, para fazer os nove desenhos e quatro telas da individual que abre hoje -sua primeira- na galeria Nara Roesler, Rodolpho Parigi passou um bom tempo de óculos escuros.
Aos 31, ele é um dos nomes mais bem-sucedidos da nova geração de pintores que vem ganhando espaço no circuito, reunidos no grupo que ficou conhecido como 2000 e Oito. Entre eles, estão também Marina Rheingantz, Ana Prata e Bruno Dunley, todos representados por fortes galerias paulistanas.
Nas colagens "Metadilemas", releitura néon que Parigi faz dos "Metaesquemas" de Oiticica, o pink rasga pelas frestas de um verde caneta marca-texto. Na tela "Concrete Blonde", que dá nome à mostra, é o rosa que dá o ritmo, num efeito cítrico.
Mas se tudo parece moderno demais, Parigi dá um passo atrás. Seu pink, que arrisca virar sua cor assinatura, é pigmento moído, misturado como nos ateliês renascentistas e aplicado em telas de linho, técnica antiga da pintura. "É isso que eu quero, esse vai-e-vem, do futuro para o passado", resume Parigi. É a brecha que deixa para firmar seu compromisso com a pintura, que o tornou conhecido. "O suporte é importante, mas não é desdobrar a linguagem da pintura."
Embora não seja tão claro seu recado, nas formas geométricas que adota pela primeira vez e na técnica clássica que usa desde sempre, Parigi tenta legitimar o próprio traço. Oscilando entre egotrip concretista e "viagem endoscópica", flerta de um lado com certa reverência histórica e de outro com uma afirmação oitentista repaginada, a crença na mão do artista, sem medo de parecer fútil.
Quando terminou a peça central da mostra, não gostou dos excessos ortogonais nem do aspecto comportado. Jogou um balde de tinta sobre o quadro e limpou os respingos, dramatizando a explosão que domina a tela sobre ela mesma.
"Eu me ponho à prova", afirma. "Busco profundidade em algo efêmero, industrial, superficial. Por que me comportar diante de um quadro?"


RODOLPHO PARIGI
Quando:
abertura hoje, às 20h; de seg. a sex., das 10h às 19h; sáb., das 11h às 15h; até 14/3
Onde: galeria Nara Roesler (av. Europa, 655, tel. 3063-2344); livre
Quanto: entrada franca


FAAP MOSTRA NOVAS OBRAS
O Museu de Arte Brasileira da Faap expõe 46 obras de 24 artistas (r. Alagoas, 903, tel. 3662-7198; ter. a sex., das 10h às 20h; sáb. e dom., das 13h às 17h; até 22/4; entrada franca).


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