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SHOW
Seaweed toca sua resistência ao mercado
LEANDRO FORTINO
da Redação
O quinteto Seaweed, um dos
poucos sobreviventes do punk
rock underground de Seattle
-popularmente conhecido como
grunge-, está no Brasil com a turnê do seu mais mais novo álbum,
"Actions and Indications".
O show chega hoje ao já consagrado reduto das bandas independentes que vêm a São Paulo, a
Broadway, depois de passar por
Santos, Vitória, Belo Horizonte,
Rio de Janeiro e São Bernardo do
Campo, onde a banda iniciou a
turnê no Planeta Rock (leia crítica
ao lado).
O grupo é um verdadeiro sobrevivente, pois a indústria fonográfica norte-americana conseguiu,
num piscar de olhos, derrubar
qualquer resistência que o rock independente pudesse levantar.
As novas bandas passaram a deixar de lado a vontade de tocar o
que gostam para satisfazer os desejos mercadológicos das grandes
gravadoras, apresentando músicas
que conseguissem repetir o êxito
das de bandas como Nirvana, Mudhoney e Pearl Jam.
Com o Seaweed, essa história
quase se repetiu. Natural de Tacoma, a 40 minutos de Seattle (Estado de Washington), o grupo entrou em evidência depois de assinar com o selo Sub Pop, pelo qual
já passaram Nirvana e Mudhoney.
Com a explosão do grunge, logo
a banda foi convocada pela Hollywood Records (gravadora pertencente ao grupo Disney) para lançar, em 95, "Spanaway", o sexto álbum, depois de quatro lançamentos pelo Sub Pop e um pelo Tupelo.
"Quando a cena underground de
Seattle se tornou popular, as grandes gravadoras olhavam para a ela
e diziam: "Nós podemos tirar dinheiro disso". Então, elas ganharam dinheiro com algumas poucas
bandas e enfiaram o máximo possível nas orelhas das pessoas até
ninguém conseguir mais ouvir",
explica Wade Neal, vocalista e guitarrista do Seaweed.
Para Neal, o contrato com a
Hollywood foi um reflexo direto da
situação. "Fomos contratados para
ser o "novo" Mudhoney ou Soundgarden. Mas nós não esperávamos
isso. Nunca nos imaginávamos
uma banda pop, com hits pop. Nós
acabamos não produzindo aquilo
que eles queriam."
As exigências para mudar o som
do Seaweed foram tantas que nenhum dos lados conseguiu suportar, e a banda foi dispensada.
"No final, acho que vencemos,
pois deixamos a gravadora e fomos
parar em um selo independente no
qual ninguém exigiu nada. A propósito, boa parte das músicas de
"Actions and Indications" deveria
integrar o segundo CD pela Hollywood, que não saiu. A maioria das
músicas era inaceitável para os padrões de uma grande gravadora,
quaisquer que sejam eles."
O balanço que o guitarrista faz,
no final das contas, é um arrependimento do ponto de vista artístico. "Foi bom por um lado: ganhamos muito bem por um bom tempo. Mas as pessoas com quem tratávamos não nos aceitavam do jeito que éramos. Depois do Nirvana,
eles exploraram tanto o underground que ele foi absorvido pelo
mainstream."
A turnê pelo Brasil marca os dez
anos de estrada do grupo. Mas a
data não parece estimular um
show comemorativo, como seria
de esperar. "Não sei se faremos algo diferente. Sei que não teremos
um bolo ou outra coisa assim. Tentaremos tocar um pouco de cada
disco que lançamos, mas o repertório será em cima do novo CD."
Show: Seaweed
Abertura: Garage Fuzz
Quando: hoje, a partir de 22h
Onde: Broadway (av. Marquês de São
Vicente, 1.767, Barra Funda, tel. 861-3368)
Quanto: R$ 20
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