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SP celebra expoente do TBC
Exposição no Sesc Pinheiros e biografia a ser lançada amanhã revisitam obra de Maurice Vaneau
Evento homenageia o encenador belga, que foi
um dos remanescentes dos imigrantes que aportaram no país dos anos 40 a 60
VALMIR SANTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Belga naturalizado brasileiro, Maurice Vaneau, 80, é remanescente da geração de diretores estrangeiros que inscreveu seu nome na história do
TBC (Teatro Brasileiro de Comédia) entre as décadas de 40 e
60, ao lado de nomes como os
italianos Adolfo Celi, Gianni
Ratto, Ruggero Jacobbi e Flaminio Bollini-Cerri e o polonês
Zbigniew Ziembinski.
A partir de amanhã, São Paulo acompanha uma homenagem -como raramente ocorre
em vida- à obra e ao pensamento do encenador e coreógrafo por meio da exposição
"Maurice Vaneau - Artista
Múltiplo/80 Anos".
Dividida em sete módulos, a
mostra ocupa o terceiro andar
do Sesc Pinheiros e procura dar
conta justamente da vocação
multidisciplinar nutrida por
esse homem das artes cênicas e
visuais, por meio de fotos, desenhos, croquis, maquetes, textos, objetos, adereços e figurinos expostos em manequins.
O organizador, o cenógrafo e
arquiteto J.C. Serroni, deseja
proporcionar ao visitante o lado processual do artista. Como
ao penetrar o apartamento em
que Vaneau mora há 30 anos,
em Higienópolis, com a mulher
e coreógrafa Célia Gouvêa.
Atmosfera doméstica
A idéia é recriar a atmosfera
da casa que também é ateliê de
trabalho e quase um "museu", a
traduzir em cada canto do espaço o intenso trabalho desenvolvido por ele. "O seu traço
existe nos móveis, nas paredes,
em peças penduradas no teto,
dentro de baús, latas, em dezenas de pastas e arquivos guardados cuidadosamente e até
nas portas, onde vemos brincadeiras gráficas do mais refinado
humor", diz Serroni.
O módulo sete, no miolo da
exposição, apresenta uma instalação com 16 baús cheios de
objetos pessoais. Os mesmos
baús com os quais Vaneau viajava mundo afora.
Cursou belas-artes. Começou profissionalmente no teatro em 1948. Viveu um período
de estudos nos EUA. Integrou o
Teatro Nacional da Bélgica,
com o qual excursionou pela
América do Sul em 1955. Aportou no Brasil naquele mesmo
ano, adotando-o como morada
a convite de Franco Zampari,
responsável pelo TBC.
Em 1956, estreou "A Casa de
Chá do Luar de Agosto", de
John Patrick, que trazia Ítalo
Rossi, Mauro Mendonça, Sérgio Brito e Nathalia Timberg.
Assinou mais de 60 espetáculos, alguns deles premiados,
como "Os Ossos do Barão"
(1963), de Jorge Andrade, 19
meses em cartaz no TBC, com
Cleyde Yáconis e Lélia Abramo.
Ator, cenógrafo, figurinista,
pintor, enfim, o homenageado
também ganha uma biografia,
"Maurice Vaneau - Artista
Múltiplo", da jornalista Leila
V.B. Gouvea, que sai pela coleção Aplauso da Imprensa Oficial do Estado, em lançamento
na mesma noite do vernissage
da exposição, que prevê ainda
performance de 12 atores-bailarinos com figurinos originais
criados por Vaneau.
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