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São Paulo, terça-feira, 05 de agosto de 2003

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JAZZ

Revelação americana abre série de shows em São Paulo, que verá ainda Joe Lovano, Mark Murphy e Steve Turre

Wright usa voz em nome de antecessoras

Divulgação
A cantora norte-americana Lizz Wright, 23, que se apresenta hoje e amanhã no Bourbon Street, na 7ª edição do Dinners Jazz


EDSON FRANCO
EDITOR DE VEÍCULOS E CONSTRUÇÃO

Fazia tempo que São Paulo não via uma atração tão recém-saída do forno quanto a que sobe ao palco do Bourbon Street hoje e amanhã para abrir a sétima edição da série Diners Jazz. Com 23 anos, a cantora Lizz Wright vem reivindicando um espaço no restritíssimo altar das divas do jazz.
Até 11 de julho do ano passado, nem o mais bem informado jazzófilo sabia da existência da moça. Naquele dia, ela participou de um tributo a Billie Holiday (1915-59). Apesar de dividir espaço com Lou Rawls, Kurt Elling e Terence Blanchard, ela roubou a festa.
"Não fiquei nervosa. Entrei no palco com o mesmo misto de expectativa e excitação que toma conta de mim até hoje e apenas fiz o que fui treinada desde criança para fazer", disse a cantora, por telefone, à Folha.
De lá para cá, tudo passou a acontecer numa velocidade incomum no mundo jazzístico. Ela assinou com a gravadora Verve e lançou "Salt", terreno fértil para espalhar as sementes do seu estilo.
Como boa parte de seus confrades afro-americanos, Wright começou a lapidar sua voz na igreja. "Ali, aprendi como usá-la para ajudar um coro e como criar uma conexão emocional com a música", conta a filha de um pastor e uma cantora de gospel.
Depois, aperfeiçoou seu conhecimento musical com algumas aulas de piano, insuficientes, segundo Wright, para tornar fácil a tarefa de ler e escrever música. Na universidade da Geórgia, tentou se graduar em canto, mas desistiu. "Teria de cantar música clássica, com notas que não consigo alcançar e exercícios repetitivos."
Em vez de encarar o treinamento, ela preferiu passar o tempo assimilando as sutilezas de cantoras como Abbey Lincoln, Dianne Reeves e Cassandra Wilson.
E sutileza é o que não falta em "Salt", trabalho que servirá de esteio para os shows de Wright. Revestido por um fervor gospel, o CD reúne uma dúzia de canções pautadas pela delicadeza.
Ciente de que sua apresentação poderia se tornar excessivamente intimista caso cantasse só as faixas do CD, ela adianta que vai adicionar alguns standards jazzísticos e músicas um pouco mais, digamos, animadas.
Fundindo tantas influências e referências, a cantora tem motivado a crítica norte-americana a considerá-la um sopro de renovação em um nicho pautado pelo marketing e no qual brilham nomes como Diana Krall, Jane Monheit e Norah Jones.
"Diferenças em relação a elas? A primeira e maior é que sou negra [ri]. Não me envolvo muito com essas questões de mercado. Só sei que canto para honrar as grandes mulheres que me precederam."

LIZZ WRIGHT. Quando: hoje, às 20h30 e às 23h, e amanhã, às 21h30. Onde: Bourbon Street (r. dos Chanés, 127, Moema, tel. 5095-6100). Quanto: de R$ 55 a R$ 95.


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