São Paulo, quarta-feira, 05 de outubro de 2011

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Théâtre du Soleil ficcionaliza sua utopia

'Os Náufragos da Louca Esperança' estreia em SP com ingressos esgotados; peça segue para Rio e Porto Alegre

Personagens do espetáculo reproduzem no palco o anseio por sociedade ideal que norteia o grupo francês

Michèle Laurent/Divulgação
Peça aborda a filmagem de um filme sobre imigrantes que fundam uma sociedade alternativa ao ficarem encalhados

GABRIELA MELLÃO
DE SÃO PAULO

No novo espetáculo do grupo francês Théâtre du Soleil, "Os Náufragos da Louca Esperança", que estreia hoje em São Paulo e depois segue para Rio e Porto Alegre, imigrantes do século 19 deixam o País de Gales rumo ao novo Eldorado, na Austrália.
Quando sua embarcação encalha em uma ilha chilena, eles fundam uma sociedade que possui "liberdade como base, igualdade como meio e fraternidade como objetivo".
Em 1964, Ariane Mnouchkine saiu da Universidade Sorbonne para fundar o Théâtre du Soleil, um dos grupos mais importantes da cena teatral mundial.
Ao mesmo tempo em que criou a companhia, concebeu nos arredores de Paris uma espécie singular de sociedade socialista, formada pelos integrantes do coletivo, sob os mesmos ideais da Revolução Francesa: igualdade, liberdade e fraternidade.
Segundo Mnouchkine, abordar a história do Théâtre du Soleil através da aventura desses náufragos na peça não foi intencional. "Não sabíamos que estávamos falando um pouco sobre nós, pelo menos não conscientemente", diz ela à Folha.
No espetáculo, a utopia desse grupo de imigrantes é ficcional e foi inspirada em "Os Náufragos de Jonathan", livro póstumo de Júlio Verne.
No centro da trama, esetá um filme rodado por um diretor de cinema socialista, na Paris de 1914, às vésperas da Primeira Guerra Mundial.
Para cada cena filmada, um cenário rico em detalhes é construído. O público testemunha a montagem e desmontagem de todos os elementos que compõem as diversas cenografias, normalmente usados para gerar ilusão de realidade.
"O espetáculo não é cinema, é teatro. Diria que é teatro puro, se não fosse muito pretensioso", diz Mnouchkine sobre a peça que dirige.
Pelo viés da trama, a peça permite que a criadora homenageie seu pai, Alexandre Mnouchkine, um grande produtor do cinema francês, e, também, o próprio teatro.
Já a expressão "louca esperança" remete, a uma só vez, ao nome do cabaré local onde o filme é rodado, ao nome do navio que transporta os imigrantes e à alma dos integrantes do coletivo teatral.
"Somos loucos o suficiente para acreditarmos que é possível mudar o mundo", conclui Mnouchkine.

OS NÁUFRAGOS DA LOUCA ESPERANÇA
Quando de quar. a dom., às 19h (até 23/10)
Onde Sesc Belenzinho (rua Padre Adelino, 1.000; tel. 0/XX/11 2076-9700)
Quanto de R$ 12,50 a R$ 50 (ingressos esgotados)
Classificação 12 anos


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