São Paulo, terça-feira, 05 de novembro de 2002 |
Próximo Texto | Índice
ARTE E TECNOLOGIA Evento no Itaú Cultural reúne, a partir de hoje, performances, palestras e workshops sobre o tema "Interatividades" delineia meios e fins
ALEXANDRA MORAES DA REDAÇÃO O plural, "Interatividades", se justifica. Com início hoje, o evento que toma o Itaú Cultural reúne espetáculos de dança que se misturam com vídeo e net-art, net-art que avança sobre espaços reais, e estes, por sua vez, sediam palestras, oficinas e os espetáculos. Nascido no ano passado com o objetivo de reunir profissionais das diversas áreas que combinam arte e tecnologia, o festival, nesta segunda edição, cresce para além das oficinas e discussões. "A idéia é trazer um panorama um pouco mais específico sobre como artistas de áreas distintas trabalham com a tecnologia", diz Roberto Cruz, gerente do núcleo de Cinema e Vídeo do Itaú Cultural. O evento é aberto com os franceses da Compagnie Mulleras, a dupla de coreógrafos Magali Viguier-Mulleras e Didier Mulleras, que apresentam "mini@turas" e dão palestra sobre a versão do espetáculo feita para a internet. "Sem cabos nem computadores em cena", sublinha Didier. "Nossos espetáculos priorizam o resultado artístico de um processo, não o processo ele-mesmo." Assim como o casal Mulleras, uma outra dupla une a presença física do corpo a suportes virtuais. Kondition Pluriel é o nome da dupla formada pela bailarina canadense Marie-Claude Poulin e pelo austríaco especializado em artemídia Martin Kusch. Poulin contou à Folha que, nos idos dos anos 80, "quando a dança contemporânea era fortemente influenciada pelo teatro, [ela] estava procurando uma maneira de tratar do corpo e do movimento menos psicologicamente, com mais objetividade, tratando-o como algo vivo, em constante intercâmbio com o ambiente, em vez de tratá-los como estranhos um para o outro". Foi quando, em Berlim, ela conheceu Martin Kusch, num projeto que envolvia 25 artistas de vários países e cujo tema era corpo e tecnologia. Daí nasceu a Kondition Pluriel. "O nome reflete algo desse tratamento mais científico à arte, da pluralidade de condições, de pontos de vista, de códigos e cultura: é uma reflexão sobre percepção", define Poulin. "Interatividades" também será o palco da videocoreografia "Despliegue", da espanhola Maria La Ribot. Reunião dos dez últimos anos da carreira de La Ribot, "Despliegue" é uma instalação que abre mão da presença da bailarina e coreógrafa para inserir cenas justapostas de seu trabalho nesse período, formando uma espécie de quadro -depois filmado por duas câmeras, uma fixa e outra na mão de La Ribot. O resultado será projetado no palco, numa espécie de coreografia virtual. Também se aproximando da performance, o grupo mineiro Feitoamãos traz "Monstruário Ilustrado", um "livro eletrônico" inspirado nos bestiários medievais. "Convidamos várias pessoas para fazer, cada um, a sua besta e vamos editá-las ao vivo, com música, em imagens que se transformam", explica Rodrigo Minelli, um dos sete integrantes do grupo. O conceito de VJ passa pelo trabalho do grupo, que destaca, no entanto, que o Feitoamãos é menos subordinado à música e mais calcado sobre as imagens em si. O "Interatividades" sedia também um encontro dos representantes de quatro festivais de cinema e vídeo na internet -Anima Mundi Web, Fifi - Festival du Film de l'Internet, Fluxus - Festival Internacional de Cinema na Internet e SeNef Online Festival- e de um portal de cinema, Porta Curtas. E ainda abre espaço para o F@imp, festival internacional dedicado aos trabalhos multimídia produzidos por museus e instituições culturais. Próximo Texto: Dupla leva coreografia à internet Índice |
|