São Paulo, sábado, 05 de dezembro de 2009

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Obra de Mohalyi renasce em mostra

Artista conhecida por telas abstratas de grandes dimensões tem retrospectiva aberta a partir de hoje na Pinacoteca

Exposição com cem obras, entre quadros, gravuras e desenhos, traz várias fases de pintora, uma delas com grande influência de Segall


Rafael Hupsel/Folha Imagem
"No Sítio", pintura de 1942 de Yolanda Mohalyi

MARIO GIOIA
DA REPORTAGEM LOCAL

"Depois de um longo e enigmático silêncio, Yolanda Lederer Mohalyi reaparece à luz da publicidade, numa exposição individual." Assim começava um texto do crítico de arte Luís Martins publicado em agosto de 1945, a respeito de nova mostra da pintora Yolanda Mohalyi (1909-1978).
Sessenta e quatro anos depois, perdurou o silêncio sobre a obra da artista, nascida na antiga Transilvânia (à época pertencente à Hungria, hoje parte da Romênia) e que tem a obra revista em retrospectiva na Pinacoteca do Estado, aberta hoje para o público.
"Não tem muita explicação, a obra de artistas de qualidade some e, às vezes, volta", afirma a curadora da exposição, Maria Alice Milliet, também diretora da Fundação Nemirovsky.
"Vendo em conjunto essas cem obras agora, percebe-se que ela tem uma produção constante e muito boa."
A retrospectiva abarca trabalhos dos anos 30 aos 70, pertencentes às variadas fases da artista. A mostra é aberta com "Paisagem na Transilvânia", realizada no início dos anos 30. "É uma pintura muito interessante, pois prenuncia já um apego à abstração, mesmo sendo uma tela figurativa", diz ela.
Em 1931, já formada pela Real Academia de Belas Artes, em Budapeste, ela passa a morar em São Paulo. "Yolanda não era uma artista sem formação. Veio para cá com um grande domínio da técnica e vai encontrar um grupo com que se identifica, a maioria do Leste Europeu."
Ela, então, se integra ao ambiente artístico paulistano e faz parte do Grupo dos Sete, que tinha nomes como Elisabeth Nobiling (1902-1975) e Rino Levi (1901-1965). Começa a fazer retratos de tipos brasileiros. Depois, a maior influência passa a ser a pintura de Lasar Segall (1891-1957).
Isso fica claro na série "Memórias", como ficaram conhecidas as pinturas dos anos 40 inspiradas nos refugiados de guerra. "Todo o conjunto tem muito a ver com "Navio de Emigrantes", de Segall, tela terminada em 1941", conta Milliet.
Nos anos 50, uma viagem a Salvador faz com que Mohalyi desenvolva a xilogravura, aprendida no ateliê de Hansen Bahia (1915-1978).
Depois, a artista parte para a abstração, inicialmente com um tom mais matérico (agregando materiais como areia nas pinturas), sempre produzindo em grandes tamanhos.
"É a fase mais conhecida de Yolanda. Ela chama a atenção de colecionadores internacionais, sendo uma das mais constantes artistas da Bienal de São Paulo", diz a curadora.
Da própria Fundação Bienal, é exibida uma grande pintura abstrata que nunca saiu do pavilhão do parque Ibirapuera.
Milliet também selecionou desenhos preparatórios das raras obras públicas de Mohalyi, um deles de batistério da capela Cristo Operário, onde restauro recente revelou uma outra pintura mural, atribuída à artista pela curadora.


YOLANDA MOHALYI - NO TEMPO DAS BIENAIS

Quando: abertura hoje, às 11h; de ter. a dom., das 10h às 18h; até 21/2
Onde: Pinacoteca do Estado (pça. da Luz, 2, tel. 3324-1000); livre
Quanto: R$ 6; sáb., entrada franca




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