Trabalhos na Pinacoteca datam do século 18

GUSTAVO FIORATTI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Muito antes de Marc Ferrez (1843-1923) clicar suas primeiras imagens do Rio -algumas de suas fotos podem ser vistas na galeria do Sesi, na av. Paulista-, a exuberância da Cidade Maravilhosa já estava na mira de outros olhos d'além mar.
A mostra "O Rio de Janeiro na Rota dos Mares do Sul", aberta hoje na Pinacoteca, traz imagens registradas por europeus nos tempos que precedem a invenção da fotografia.
A exposição abrange um período de cem anos, com cerca de 70 desenhos, pinturas, gravuras e manuscritos de cientistas, militares e artistas que faziam, por mar, o trajeto Europa-Oceania. Começa em 1768, com a viagem do capitão James Cook, na embarcação "Endeavour", que saiu da Inglaterra em direção à Oceania para fundar oficialmente a Austrália, até 1867, quando o inglês Oswald Brierly, um dos artistas-viajantes mais conhecidos de sua época, com duas voltas ao mundo na bagagem, chegou ao Rio.
As obras foram reunidas por Pedro Cunha e Menezes, diplomata que, de 2001 a 2004, trabalhou como cônsul-adjunto do Brasil na Austrália.
Estavam nas reservas de três instituições australianas: a Biblioteca Estadual de Nova Gales do Sul, a coleção Kerry Stokes, em Perth, e a Biblioteca Estadual da Austrália Ocidental; 29 obras da coleção Brasiliana da Fundação Estudar completam o conjunto com olhares de artistas que viajaram em embarcações que não tinham como destino a Oceania.
O Rio era passagem freqüente no trajeto das embarcações que saíam da Europa em direção à Oceania, por causa de correntes e ventos, o que explica o conjunto da exposição. É de um valor documental raro, ao revelar preciosidades como os desenhos do artista britânico Conrad Martens, que embarcou no "Hyacinth" em 1833, da Inglaterra para a Índia.
Depois de escala no Rio, o artista passa a viajar com a famosa embarcação "Beagle", que levava Charles Darwin.