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ARTES PLÁSTICAS
Artista inaugura hoje exposição na galeria Casa Triângulo
Sérgio Romagnolo "abafa" a bossa nova com esculturas
FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL
Um cantinho e um violão, uma
bateria, chinelos havaianas, fuscas. O ambiente até lembra a bossa nova, mas uma "bossa nova
abafada", segundo Sérgio Rogmanolo. O artista abre hoje uma
exposição na galeria Casa Triângulo, com elementos de um dos
movimentos musicais brasileiros
mais conhecidos.
Violão, bateria, havaianas e fuscas são alguns dos objetos que o
artista utiliza em sua nova série de
esculturas, as já conhecidas obras
realizadas em plástico vermelho.
Essa série é "abafada" pois, junto
aos elementos musicais, Romagnolo amarra pantufas, também
em plástico.
"Busco reunir elementos distintos, pois essa junção permite novas leituras. Esse espaço entre eles
é, para mim, o espaço poético,
que permite a participação do observador. Mas não se trata de uma
abertura ilimitada, mas, sim, controlada", diz o artista.
As pantufas também servem como referência à história da arte, o
que, na trajetória de Romagnolo
como artista, tem sido sempre
uma constante. Neste caso, remetem-se às obras em feltro do alemão Josef Beuys (1921-1986), para
quem tal material representava a
sensação de segurança, abrigo e
calor humano.
Apesar de não ser intencional a
referência à bossa nova, a reunião
dos objetos na mostra parte de
uma preocupação dileta na carreira de Romagnolo, que é uma
associação com elementos da cultura brasileira.
Foi assim, por exemplo, com os
12 profetas de Aleijadinho, que o
artista também transformou em
plástico derretido. "A cultura brasileira é de fato uma referência
constante em meu trabalho", assume Romagnolo.
Com essa nova série, o artista se
vê num momento de depuração
de seu trabalho. "Vários desses
elementos, como os instrumentos
musicais ou os calçados, já foram
utilizados por mim. Mas o uso recorrente deles mostra que se trata
de uma depuração", explica.
Entretanto, a grande novidade
na exposição é o caráter monumental que as esculturas atingem:
dois fuscas, em tamanho natural,
sendo que está virado de ponta-cabeça, impressionam pelas suas
dimensões.
Além das esculturas, Romagnolo apresenta ainda quatro pinturas recentes, todas feitas tendo como tema os objetos da mostra.
"Fui apenas pintor durante dez
anos, depois exclusivamente escultor por mais dez e, desde 96, tenho trabalhado com os dois suportes. Mas a pintura sofre influência da escultura, pois ela parte do princípio da ruga, que é recorrente nos objetos."
"Para alcançar esse feito, desenho uma imagem e recubro ela
com tinta branca", conta o artista.
Assim, ao branquear as imagens,
Romagnolo acaba por, novamente, criar um efeito de abafar a bossa nova.
SERGIO ROMAGNOLO. Mostra com 13
novas obras do artista paulistano. Onde:
Casa Triângulo (r. Paes de Araújo, 77, tel.
3167-5621). Quando: abertura hoje, 12h;
de ter. a sáb., das 11h às19h; até 27/3.
Quanto: entrada franca; obras de US$
1.500 a US$ 30 mil.
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