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Selo está parado há oito anos
CARLOS BOZZO JUNIOR
especial para a Folha
Walter Santos é violinista,
compositor, cantor e idealizador do selo Som da Gente, que,
de 81 a 91, lançou 46 discos com
a nata da música instrumental
brasileira: Hermeto Pascoal,
Cama de Gato, Hélio Delmiro,
Heraldo do Monte, Natan Marques e a extinta banda Metalurgia, entre outros.
Santos fez com que o Brasil
entrasse, pela porta da frente,
nos mais competitivos mercados fonográficos do mundo: o
americano e o europeu.
Teve um escritório em Nova
York para atender melhor o
mercado, e participou das
maiores feiras e eventos da indústria fonográfica mundial.
"O nome música instrumental surgiu conosco. Chegamos a
fazer um show em New York,
no Town Hall, por duas noites,
direcionado ao público e à imprensa americana, que foi um
tremendo sucesso. Nesta época, 1989, pré-Collor, chegamos
a acreditar que estouraríamos", disse o músico.
Contudo, o selo está sem lançar um produto há oito anos, e,
hoje, o músico utiliza o estúdio
em que gravava apenas para
produzir jingles, trilhas e spots
para rádio, TV e cinema.
Leia, a seguir, trechos da entrevista que Santos concedeu
em seu estúdio, em São Paulo.
Folha - O selo está ativo?
Walter Santos - Estamos estacionados. Desde 91, não lançamos nada. Mas não fechamos
as portas. Prefiro pensar que
demos um tempo. Talvez um
dia, se as coisas favorecerem,
dependendo do mercado e do
dinheiro, a gente volte.
Folha - Qual é a realidade da
música instrumental brasileira?
Santos - Há músicos talentosos, mas o mercado, que é fraco, com poucos shows e poucas
execuções em rádio, poderia
ser bem maior do que é. A indústria cultural não favorece
muito esse produto. Não acredita nele.
Folha - Quais foram os discos
que mais venderam?
Santos - Hermeto e Cama de
Gato. Hermeto Pascoal, por ser
o mais conhecido, e o Cama de
Gato, que foi o primeiro disco
digital, trouxe uma sonoridade
diferente da que estávamos
acostumados. As músicas também eram curtas, o que facilitava a execução em rádio.
Folha - Música instrumental
brasileira vende?
Santos - Nem uma centésima
parte do que deveria vender. A
venda, comparada à dos produtos populares, é quase inexpressiva.
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