São Paulo, Sábado, 06 de Março de 1999
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Selo está parado há oito anos

CARLOS BOZZO JUNIOR
especial para a Folha

Walter Santos é violinista, compositor, cantor e idealizador do selo Som da Gente, que, de 81 a 91, lançou 46 discos com a nata da música instrumental brasileira: Hermeto Pascoal, Cama de Gato, Hélio Delmiro, Heraldo do Monte, Natan Marques e a extinta banda Metalurgia, entre outros.
Santos fez com que o Brasil entrasse, pela porta da frente, nos mais competitivos mercados fonográficos do mundo: o americano e o europeu.
Teve um escritório em Nova York para atender melhor o mercado, e participou das maiores feiras e eventos da indústria fonográfica mundial.
"O nome música instrumental surgiu conosco. Chegamos a fazer um show em New York, no Town Hall, por duas noites, direcionado ao público e à imprensa americana, que foi um tremendo sucesso. Nesta época, 1989, pré-Collor, chegamos a acreditar que estouraríamos", disse o músico.
Contudo, o selo está sem lançar um produto há oito anos, e, hoje, o músico utiliza o estúdio em que gravava apenas para produzir jingles, trilhas e spots para rádio, TV e cinema.
Leia, a seguir, trechos da entrevista que Santos concedeu em seu estúdio, em São Paulo.

Folha - O selo está ativo?
Walter Santos -
Estamos estacionados. Desde 91, não lançamos nada. Mas não fechamos as portas. Prefiro pensar que demos um tempo. Talvez um dia, se as coisas favorecerem, dependendo do mercado e do dinheiro, a gente volte.
Folha - Qual é a realidade da música instrumental brasileira?
Santos -
Há músicos talentosos, mas o mercado, que é fraco, com poucos shows e poucas execuções em rádio, poderia ser bem maior do que é. A indústria cultural não favorece muito esse produto. Não acredita nele.
Folha - Quais foram os discos que mais venderam?
Santos -
Hermeto e Cama de Gato. Hermeto Pascoal, por ser o mais conhecido, e o Cama de Gato, que foi o primeiro disco digital, trouxe uma sonoridade diferente da que estávamos acostumados. As músicas também eram curtas, o que facilitava a execução em rádio.
Folha - Música instrumental brasileira vende?
Santos -
Nem uma centésima parte do que deveria vender. A venda, comparada à dos produtos populares, é quase inexpressiva.


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