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TEATRO
"Ô Abre Alas", espetáculo orçado em R$ 450 mil, mostra a vida e a obra da compositora, dos 13 aos 87 anos
Musical coloca Chiquinha Gonzaga no palco
CRISTIANO CIPRIANO POMBO
free-lance para a Folha
Em parte responsável pelo boom
de Chiquinha Gonzaga, hoje tema
de minissérie, disco e relançamento de livro, estréia em São Paulo o
musical "Ô Abre Alas".
Centrado na história da compositora, instrumentista e maestrina
-primeira no país- Chiquinha
Gonzaga (1847-1935), o espetáculo
aborda desde seus relacionamentos amorosos e lutas políticas em
prol do abolicionismo e da República até a sua miséria e insistência
na música.
"Chiquinha lutou contra tudo e
contra todos. Esteve à frente de seu
tempo, e a sociedade da época é
sua antagonista, pois a condenou
quando ela deixou o marido e os filhos para seguir a carreira", diz a
atriz Rosamaria Murtinho, que interpreta Chiquinha Gonzaga.
Filha de pai militar e mãe mulata,
Chiquinha foi criada como uma sinhazinha. Estudava piano e aos 11
anos compunha sua primeira música.
Casou-se, por imposição dos
pais, aos 16 anos, com um oficial da
Marinha (Jacinto Ribeiro do Amaral) e anos depois com um engenheiro de estradas de ferro (João
Batista de Carvalho). Teve quatro
filhos, João Gualberto, Hilário,
Maria e Alice, e durante todo o período aprimorou sua técnica pianística.
Renegada pelos pais e em dificuldades financeiras, Chiquinha passou a dar aulas para sobreviver. Ingressou no grupo Choro Carioca,
tocando em festas e intensificando
seu contato com o meio artístico.
Sua primeira grande composição, a polca "Atraente", surgiu de
improviso em uma roda de choro,
em 1877.
Descobriu, aos 52 anos, o amor
por João Lage, de apenas 16, e com
ele ficou até a morte. Despertou o
preconceito por desafiar os padrões familiares e ainda marcou
participação em movimentos políticos.
Até morrer, com 87 anos, sobreviveu de seu trabalho na música,
conquistando o título de única regente no país e colecionando cerca
de 2.000 composições, entre partituras para peças teatrais, polcas,
maxixes, valsas, tangos etc.
Enredo
Quando montada pela primeira
vez, em 1983 pelo Teatro Popular
do Sesi, a história de Chiquinha
Gonzaga, escrita também por Maria Adelaide Amaral, tinha 101 personagens, 31 atores e duas horas e
meia de espetáculo.
"Ô Abre Alas", com texto adaptado, não deixa por menos.
Orçado em R$ 450 mil -dinheiro em parte conseguido com o ex-ministro Sérgio Motta por meio da
Telerj-, com 189 figurinos, 11 cenários e 22 atores, "Ô Abre Alas"
inicia a ação com Chiquinha em
seu leito de morte, quando, em delírio, começa a repassar sua vida a
partir da adolescência.
Reconstituindo época e ambientes, como a rua do Ouvidor e o Palácio do Catete no século 19, "Ô
Abre Alas", ao contrário da minissérie -que destaca os romances-, volta-se à produção e participação de Chiquinha na música,
como defensora dos direitos autorais e fundadora da Sbat (Sociedade Brasileira dos Autores Teatrais).
Dividido em dois atos, o espetáculo apresenta 22 composições de
Chiquinha, entre elas a música-título, que está completando cem
anos, "Forrobodó" e "Corta-Jaca".
Peça: Ô Abre Alas
Texto: Maria Adelaide Amaral
Direção geral: Charles Moeller
Direção musical: Cláudio Botelho
Quando: qui. a sáb., às 21h; dom., às 19h
Onde: Teatro Alfa Real (r. Bento Branco de
Andrade Filho, 722, tel. 5693-4000)
Quanto: R$ 20 a R$ 35
Patrocinadores: Telerj, Casas Bahia e Rio
Sul
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