São Paulo, quinta-feira, 06 de abril de 2000


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SHOW
Cantor argelino, dono do hit "El Arbi", faz show único hoje na casa Tom Brasil, no Heineken Concerts
Khaled mostra suingue do sucesso

Carla Romero/Folha Imagem
O cantor argelino Khaled e a modelo Joana Prado, a Feiticeira, em encontro em estúdio de rádio


da Reportagem Local


Gatinhas e machões, preparem-se todos para rebolar! O cantor argelino Khaled está na cidade e pronto para o seu único show no país, hoje, no Tom Brasil, na programação do Heineken Concerts.
Ainda que seja com alguns anos de atraso, é praticamente impossível que o público fique indiferente ao suingue de Khaled, mesmo ele cantando em árabe.
Khaled tem uma trajetória insólita no país. Já tocou por aqui em 1996, quando fez três shows, em Salvador, no Rio e em São Paulo (no Blen Blen). "Eu me lembro que foram ótimos shows. O público foi muito caloroso, mesmo eu não sendo muito conhecido no Brasil na época", disse Khaled em entrevista à Folha.
O sucesso definitivo, porém, só aconteceu no final do ano passado, quando a canção "El Arbi" começou a ser tocada nas pistas de dança e o cantor logo foi incluído na trilha da novela "Vila Madalena". O curioso é que "El Arbi" não é o último lançamento de Khaled, mas uma canção de 1992. O disco que traz a faixa já vendeu mais de 200 mil cópias no Brasil.
Esse atraso do Brasil em relação ao mundo não espanta Khaled. Sempre bem humorado, o argelino comentou que via relações entre o sucesso de hoje e os shows de 1996.
"O sucesso chegou com algum atraso, infelizmente, mas fico feliz da mesma forma ao saber que as pessoas passaram a gostar de minha música. Isso já aconteceu em outros países, no início de minha carreira. Mas esse sucesso me deixou muito contente, sem dúvida. Me fez lembrar que em 1996 eu cantei basicamente o álbum de 1992... Isso me deixou intrigado", disse Khaled.
É curioso ainda lembrar que "El Arbi", não foi o grande hit de Khaled em 1992. O mesmo disco trazia "Didi", que já toca no Brasil e que foi lançada em 48 países e cantada em cerca de 20 línguas.
Khaled é o representante máximo de um gênero de música chamado rai. Trata-se de uma mistura de música tradicional árabe e ritmos pop (rock, funk e reggae) surgido na região de Orã, na Argélia, no final dos anos 70, e que conquistou a Europa na década seguinte com nomes como Khaled, Cheb Mami e Cheb Hasni. Khaled é conhecido como o rei do rai.
O aspecto dançante do rai baseia-se principalmente nas letras reduzidas e na batida repetitiva, quase hipnótica, que o aproxima de um mantra.
Quando começou sua carreira, Khaled assinava Cheb Khaled, que significa "jovem" ou "pequeno Khaled".
A violência política em seu país natal fez com que o cantor se transferisse para a França. Seu último concerto na Argélia foi em agosto de 1986. Khaled disse que pretende voltar a cantar em seu país. "Já faz 14 anos que não canto lá. Mas o país está mais calmo e parece que está no caminho da reconciliação e da paz. Espero poder cantar lá este ano, se nada mudar", disse.
Khaled disse ainda que pretende voltar ao Brasil para realizar uma turnê, provavelmente em setembro, aproveitando o sucesso nacional de "El Arbi". Desta vez, o cantor fica apenas no Rio e em São Paulo, onde faz o concerto de hoje e participa de programas de rádio e de TV para promoção de seu disco.
Segundo Khaled, o show de hoje será bem diferente daquele de 1996, apesar de, obviamente, apresentar os hits que o público brasileiro quer ouvir. O cantor promete um show ainda mais dançante e funkeado, influência de sua produção mais recente.
"No meu último disco há mais música americana e ritmos latinos. Tem mais funk e soul, mas também ritmos latinos, pois a música rai está muito próxima da Espanha e dos ritmos andaluzes", disse. "Vai ser um concerto bem diferente daquele de 1996. Vim com 12 músicos. Tem muita percussão, violoncelo, guitarras e até mesmo um tocador de lute", complementou.
Além de concertos, Khaled tem realizado colaborações para trilhas sonoras, como a de "Um Dois Três Sol", filme do francês de Bertrand Blier, com a qual ganhou o Prêmio César em 1994. O italiano Nanni Moretti tambémusou uma faixa sua no filme "Caro Diário", de 1993.
(CELSO FIORAVANTE)

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