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ARTES PLÁSTICAS
"Pop Brasil" seleciona 200 obras primitivas e contemporâneas
Exposição no CCBB destaca os "brasileiros populares"
FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL
Não se engane. O "pop" da mostra "Pop Brasil", aberta hoje no
Centro Cultural Banco do Brasil
(CCBB) de São Paulo, é uma abreviação de popular e não pretende
apresentar artistas brasileiros que
trabalharam dentro do movimento da arte pop, como Cláudio Tozzi ou Wesley Duke Lee.
"Fui convidado pelo CCBB a organizar uma mostra de arte popular brasileira. Minha intensão
aqui é provocar uma discussão,
pois selecionei não só artistas
considerados primitivos, mas
também contemporâneos que
trabalham com a temática popular", diz Paulo Klein, curador da
exposição.
O desafio de Klein foi dar um
passo adiante ao que Emanoel
Araújo realizou no módulo de arte popular da Mostra do Redescobrimento, em 2000.
"Creio que o diferencial aqui é a
pintura, um suporte não muito
explorado no Redescobrimento;
fiz uma ampla pesquisa e apresentamos obras representativas",
afirma Klein. Entre elas a do português Cardosinho (1861-1947),
que começou a pintar aos 70 anos,
no Rio de Janeiro, e que tem obras
até no acervo da Tate Gallery, de
Londres.
No entanto, a seleção é vasta demais para os limitados espaços
expositivos do CCBB, que em breve devem ganhar ampliação. As
paredes do subsolo estão repletas
de quadros, mais de cem, alguns
de tamanhas dimensões que não
permitiam o necessário distanciamento para observá-los. "Acho
que preciso dar uma editada", comentava Klein na última quarta-feira, durante a montagem.
O subsolo recebe ainda duas
instalações: o vídeo "Juazeiro do
Norte: A Nova Jerusalém", de Rosemberg Cariry, e fotos de Dona
Romana, em Natividade, em Tocantins.
Uma opção que pode ser questionada na mostra é apresentar
contemporâneos e primitivos em
locais diferentes. Exibi-los num
mesmo espaço seria uma forma
de reunir produções de um mesmo período, sem enclausurá-las
em rótulos e universos distintos.
"Meu critério foi considerar a
mostra como um todo, cuja principal característica é a qualidade.
Mas minha opção foi fazer uma
pausa entre esses dois momentos.
E o saguão do CCBB, no térreo,
funciona como importante elo de
ligação entre eles", diz Klein. No
hall de entrada estão esculturas,
em maior parte, e obras de artistas
como mestre Pitiba, com uma estética mais próxima à dos artistas
no segundo andar.
Com o caos visual do subsolo, a
mostra no piso superior do CCBB
ganha respiro e permite melhor
atenção. Lá estão artistas que realizam uma interessante interface
com a temática popular. As pequenas esculturas em formatos de
ex-votos de Efrain Almeida e "Cajueiro com Neve de Algodão", de
Marepe, são bons exemplos.
Apontar apenas dois artistas é
até uma injustiça, pois a seleção é
bastante representativa, o que garante boas memórias para quem
fizer a visita.
POP BRASIL: A ARTE POPULAR E O
POPULAR NA ARTE - mais de 200 obras
fazem um panorama que mescla a
produção primitiva e a produção
contemporânea brasileira com
referências populares. Curadoria: Paulo
Klein. Quando: abertura hoje, às 11h; de
ter. a dom., das 12h às 19h30. Até 25/8.
Onde: Centro Cultural Banco do Brasil (r.
Álvares Penteado, 112, Centro, tel. 3113-3651). Quanto: entrada franca.
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