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São Paulo, domingo, 06 de julho de 2003

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URBANISMO

Projeto de um centro de inclusão digital resgata para o largo sua função de convergência na região central

Intervenção no Arouche é pontual e singela

Ana Ottoni - 15.mai.2003/Folha Imagem
O largo do Arouche, na região central, visto do alto; o local é alvo de um projeto de intervenção urbanística, com a construção de um equipamento de uso cotidiano


GUILHERME WISNIK
CRÍTICO DA FOLHA

A proposta de construção de um "telecentro" no largo do Arouche representa uma intervenção de caráter pontual e singelo. Trata-se da substituição do edifício hoje existente -do mercado de flores- por uma nova construção que, preservando as dimensões de sua volumetria, viria conciliar o tradicional mercado com um posto de inclusão digital.
A iniciativa, proposta pelo poder público em parceria com uma empresa de telefonia, inclui outras melhorias no largo, como recuperação de postes de iluminação, bancos e árvores, e a substituição dos pisos.
O projeto procura integrar os espaços do largo, abrindo o edifício para a praça, não só para a rua, como hoje. Mais permeável e transparente, a nova construção se afina a uma proposta de substituição de lugares residuais -fundos confinados, canteiros murados [ ] por espaços vivos e qualificados pelo uso.
Pois o uso efetivo da praça deverá ser intensificado, resgatando para ela uma função de convergência local, e com isso uma dimensão pública há muito perdida. Essa é a chave do projeto, de autoria de Luiz Recamán e Leandro Medrano: reativar, através do acesso a uma rede virtual de comunicação, o uso efetivo do espaço público.
O "telecentro", que é sua marca oficial, é um programa de inclusão digital implantado em regiões da periferia da cidade. A novidade, no caso, será a sua extensão para o centro. Reside aí a importância do projeto, que ultrapassa o caráter pontual da intervenção. A "requalificação" do centro é dos temas mais debatidos hoje -e é uma questão sobre a qual poucas soluções consistentes têm sido formuladas.
Como conciliar a recuperação "patrimonial" dos edifícios e da infra-estrutura urbana no centro com uma política não elitista? Como tornar os espaços do centro mais agradáveis e, ao mesmo tempo, atender às necessidades da população carente que vive nele? A opção pela criação de inúmeros centros culturais parece responder a apenas um dos lados da equação.
Em sentido diverso, a iniciativa no largo surge para dotar a região de equipamento de uso cotidiano -aceitando e apostando no fato de que o centro tem um uso efetivo, de moradores e trabalhadores diários, [ ] e não apenas uma frequência eventual, de quem o atravessa de carro para chegar a um vernissage.



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