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URBANISMO
Projeto de um centro de inclusão digital resgata para o largo sua função de convergência na região central
Intervenção no Arouche é pontual e singela
Ana Ottoni - 15.mai.2003/Folha Imagem
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O largo do Arouche, na região central, visto do alto; o local é alvo de um projeto de intervenção urbanística, com a construção de um equipamento de uso cotidiano |
GUILHERME WISNIK
CRÍTICO DA FOLHA
A proposta de construção
de um "telecentro" no largo
do Arouche representa uma intervenção de caráter pontual e
singelo. Trata-se da substituição
do edifício hoje existente -do
mercado de flores- por uma nova construção que, preservando
as dimensões de sua volumetria,
viria conciliar o tradicional mercado com um posto de inclusão
digital.
A iniciativa, proposta pelo poder público em parceria com uma
empresa de telefonia, inclui outras melhorias no largo, como recuperação de postes de iluminação, bancos e árvores, e a substituição dos pisos.
O projeto procura integrar os
espaços do largo, abrindo o edifício para a praça, não só para a rua,
como hoje. Mais permeável e
transparente, a nova construção
se afina a uma proposta de substituição de lugares residuais -fundos confinados, canteiros murados [ ] por espaços vivos e qualificados pelo uso.
Pois o uso efetivo da praça deverá ser intensificado, resgatando
para ela uma função de convergência local, e com isso uma dimensão pública há muito perdida. Essa é a chave do projeto, de
autoria de Luiz Recamán e Leandro Medrano: reativar, através do
acesso a uma rede virtual de comunicação, o uso efetivo do espaço público.
O "telecentro", que é sua marca
oficial, é um programa de inclusão digital implantado em regiões
da periferia da cidade. A novidade, no caso, será a sua extensão
para o centro. Reside aí a importância do projeto, que ultrapassa
o caráter pontual da intervenção.
A "requalificação" do centro é dos
temas mais debatidos hoje -e é
uma questão sobre a qual poucas
soluções consistentes têm sido
formuladas.
Como conciliar a recuperação
"patrimonial" dos edifícios e da
infra-estrutura urbana no centro
com uma política não elitista? Como tornar os espaços do centro
mais agradáveis e, ao mesmo
tempo, atender às necessidades
da população carente que vive nele? A opção pela criação de inúmeros centros culturais parece
responder a apenas um dos lados
da equação.
Em sentido diverso, a iniciativa
no largo surge para dotar a região
de equipamento de uso cotidiano
-aceitando e apostando no fato
de que o centro tem um uso efetivo, de moradores e trabalhadores
diários, [ ] e não apenas uma frequência eventual, de quem o atravessa de carro para chegar a um
vernissage.
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