São Paulo, quarta, 6 de agosto de 1997.



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SHOW
O norte-americano, inspirador de Jimi Hendrix e considerado "o rei da guitarra surf", toca só hoje no Olympia
Dick Dale traz o tubo das ondas a SP

EDUARDO SIMANTOB
da Publifolha

Dick Dale, 58, é conhecido como o "rei da guitarra surf" e já foi condecorado pela revista norte-americana "Guitar Player" como o "pai do heavy metal". Com falsa modéstia, diz que não se acha nada disso.
Dale está no Brasil para uma turnê de dez dias e toca hoje no Olympia, em São Paulo. No último sábado, concedeu entrevista à Folha após uma sessão de autógrafos em uma loja de discos.
Bem mais encorpado, trocou o topete "turma da praia" por um rabo-de-cavalo e gosta de falar alto. E não só falar. Dale acha graça dos engenheiros de som que, onde quer que vá tocar, perdem a cabeça tentando controlar os decibéis exagerados de sua guitarra.
Aliás, usa a mesma guitarra e os mesmos pedais há quase 40 anos, desenvolvidos em parceria com Leo Fender (o criador das guitarras Fender) no fim da década de 50.
A sonoridade de sua guitarra (chamada por Fender de "a besta") é única, pois "Leo levou o segredo para o túmulo". Dale diz que aprendeu guitarra sozinho, após estudar piano e bateria. E que procura tocar a guitarra como se fosse um instrumento de percussão.
No início dos anos 60 esse estilo acabou lhe rendendo a alcunha de "rei". Começou tocando de graça para platéias de 200 pessoas e, em poucos meses, já eram 3.000 surfistas se apinhando para ouvi-lo nas praias da Califórnia.
"Não toco surf music, toco 'dick music"', insiste Dale, para quem o fato de que sua música embalava as festas praianas era mera circunstância. A surf music do fim dos anos 50 e início dos 60 era basicamente instrumental, e os ritmos, variações da música country.
Grupos como Surfaris, Trashmen e, claro, The Ventures, ofereciam um contraponto ao rock'n roll de raiz negra que aparecia do outro lado da América.
E o pai do heavy metal também carrega esse título sem qualquer constrangimento. Afinal, e graças ao engenho de Leo Fender, foi o primeiro a tocar guitarra (bem) alto. E foi referência para muitos gigantes do rock, como Elvis, Eric Clapton e Jimi Hendrix.
Esse último sonhava em tocar como Dale e dedicou a música "3rd Stone of the Sun" ao mestre. "Mas Hendrix era um fraco que não conseguiu suportar a genialidade sem químicos", diz Dale, que jura jamais ter tomado drogas.
Falando sem parar, Dale -aliás, Richard Monsour, nascido em Beirute (Líbano)- divaga sobre música e ecologia como se fossem o mesmo assunto. "Os mares estão completamente poluídos, é uma loucura o que jogam de lixo químico e nuclear na água." Foi por isso que deixou de surfar.
Em 1979, arranhado por um de seus tigres -Dale cria tigres e leões em seu sítio perto de Los Angeles-, continuou surfando, acabou com uma infecção e quase teve a perna amputada.
Para os surfistas das antigas, a turnê de Dale é uma bênção. Para os mais jovens, que o descobriram na abertura do filme "Pulp Fiction", uma aula de rock.

Show: Dick Dale Quando: hoje, às 21h30 Onde: Olympia (r. Clélia, 1.517, tel. 011/252-6255) Quanto: de R$ 30 a R$ 50


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