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SHOW
O norte-americano, inspirador de Jimi Hendrix e considerado "o rei da guitarra surf", toca só hoje no Olympia
Dick Dale traz o tubo das ondas a SP
EDUARDO SIMANTOB
da Publifolha
Dick Dale, 58, é conhecido como
o "rei da guitarra surf" e já foi
condecorado pela revista norte-americana "Guitar Player" como o
"pai do heavy metal". Com falsa
modéstia, diz que não se acha nada
disso.
Dale está no Brasil para uma turnê de dez dias e toca hoje no Olympia, em São Paulo. No último sábado, concedeu entrevista à Folha
após uma sessão de autógrafos em
uma loja de discos.
Bem mais encorpado, trocou o
topete "turma da praia" por um
rabo-de-cavalo e gosta de falar alto. E não só falar. Dale acha graça
dos engenheiros de som que, onde
quer que vá tocar, perdem a cabeça
tentando controlar os decibéis
exagerados de sua guitarra.
Aliás, usa a mesma guitarra e os
mesmos pedais há quase 40 anos,
desenvolvidos em parceria com
Leo Fender (o criador das guitarras Fender) no fim da década de 50.
A sonoridade de sua guitarra
(chamada por Fender de "a besta") é única, pois "Leo levou o segredo para o túmulo". Dale diz que
aprendeu guitarra sozinho, após
estudar piano e bateria. E que procura tocar a guitarra como se fosse
um instrumento de percussão.
No início dos anos 60 esse estilo
acabou lhe rendendo a alcunha de
"rei". Começou tocando de graça
para platéias de 200 pessoas e, em
poucos meses, já eram 3.000 surfistas se apinhando para ouvi-lo
nas praias da Califórnia.
"Não toco surf music, toco 'dick
music"', insiste Dale, para quem o
fato de que sua música embalava
as festas praianas era mera circunstância. A surf music do fim
dos anos 50 e início dos 60 era basicamente instrumental, e os ritmos,
variações da música country.
Grupos como Surfaris, Trashmen e, claro, The Ventures, ofereciam um contraponto ao rock'n
roll de raiz negra que aparecia do
outro lado da América.
E o pai do heavy metal também
carrega esse título sem qualquer
constrangimento. Afinal, e graças
ao engenho de Leo Fender, foi o
primeiro a tocar guitarra (bem) alto. E foi referência para muitos gigantes do rock, como Elvis, Eric
Clapton e Jimi Hendrix.
Esse último sonhava em tocar
como Dale e dedicou a música
"3rd Stone of the Sun" ao mestre.
"Mas Hendrix era um fraco que
não conseguiu suportar a genialidade sem químicos", diz Dale, que
jura jamais ter tomado drogas.
Falando sem parar, Dale -aliás,
Richard Monsour, nascido em
Beirute (Líbano)- divaga sobre
música e ecologia como se fossem
o mesmo assunto. "Os mares estão completamente poluídos, é
uma loucura o que jogam de lixo
químico e nuclear na água." Foi
por isso que deixou de surfar.
Em 1979, arranhado por um de
seus tigres -Dale cria tigres e
leões em seu sítio perto de Los Angeles-, continuou surfando, acabou com uma infecção e quase teve
a perna amputada.
Para os surfistas das antigas, a
turnê de Dale é uma bênção. Para
os mais jovens, que o descobriram
na abertura do filme "Pulp Fiction", uma aula de rock.
Show: Dick Dale
Quando: hoje, às 21h30
Onde: Olympia (r. Clélia, 1.517, tel.
011/252-6255)
Quanto: de R$ 30 a R$ 50
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